A raiva, quando resolve aparecer, se torna o nosso centro de gravidade. Nós esquecemos de tudo e todos ao nosso redor, ficamos nublados, em tons de aflição. Na perspectiva de Prajnaparamita, nós convidamos essa emoção perturbadora, vez após vez, e inevitavelmente, ela se tornará mais dócil.
Uma aflição mental, nada mais é do que sustentar, acoplar, fixar, na energia de modo condicionado a um resultado, como se este fosse externo e separado da bolha sustentada de modo inconsciente. Isso se dá pela ignorância, a paisagem, no caso a raiva, uma autoimagem e a responsividade (reatividade) diante das bolhas como se pudéssemos nos mover apenas dessa forma.
Por dentro da raiva
Dentro dessa emoção, nós temos ideias estranhas, contrárias à compaixão. Perdemos a capacidade de estabelecer boas relações, achamos que estamos sendo perseguidos ou perseguimos os outros. Nós criamos nossos inimigos, as vítimas e os culpados, os agressores e os agredidos. Quanto mais legitimamos essa experiência, deixamos de ver com a sabedoria do espelho e as demais mandalas.
Solidão, desânimo, isolamento, cansaço, são sinônimos do samsara. Após a raiva, sentimos uma ressaca de medo e frustração. Estamos com dificuldades para soltar a ignorância. Não temos sossego propriamente, apenas uma sensação de abafamento e novamente, surgimento da raiva. É como ter pesadelos consecutivos, repetitivos. Isso se dá pela responsividade a raiva, como regentes do reino dos infernos.
Abertos para o mundo da compaixão
Nós não somos a raiva. Somos a mente livre que pode estar ou não conectada a essa emoção. Se desejar, sugiro assistir alguns filmes que provocam raiva ou medo, para que possamos vestir a camisa dessa emoção como: sete minutos para a meia noite ou o iluminado. É inútil teorizar a respeito, lutar contra, tensionar, etc. O que realmente importa é a possibilidade de compaixão.
Estamos abertos e dispostos a abrir mão da raiva por um coração destemido e compassivo? Seguimos com a conversa no podcast.
Podcast
A seguir, aperte o play e acompanhe o estudo em áudio:
Arte e edição de aúdio por @lordbrito