6 formas de Avidya | #4 A bolha como experiência de mundo

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Tempo estimado de leitura: 4 minutos

Quando falamos de bolha, precisamos apontar logo a saída: a sabedoria diante de avidya ou como a mente se engana e cria a confusão.

O primeiro elo é o cadeado que nos prende ao samsara. Prajna é sabedoria, é a chave que nos ajuda a sair desse girar em círculos de sofrimento.

As 6 formas de avidya são:

  1. Separatividade
  2. Criação
  3. Cegueira
  4. Experiência de mundo
  5. Fechamento
  6. Escuridão espiritual

Neste podcast, vamos conversar sobre o efeito do 4° aspecto de avidya: a bolha como experiência de mundo. Se você não leu / ouviu o primeiro episódio sobre avidya e separatividade, leia aqui.  

#4 | A bolha como experiência de mundo

“Se você tem uma dor e medita sobre ela, você descobre que ela não é um bloco sólido. Ela é composta por partes como instrumentos em uma orquestra e há silêncio dentro dela também. Dê atenção à dor em vez de tentar evitá-la, há um centro vazio transparente em meio essa dor”

Tenzin Palmo

Nesse encontro, vamos olhar para experiência de mundo (loka) ou bolha.

Antes de falar da bolha como experiência de um mundo, precisamos entender que a natureza que sustenta os seis reinos é a mesma em cada um deles. Se a pessoa está no reino dos Deuses ou nos infernos é sua natureza fundamental é a mesma: a luminosidade da mente.

Quando há fixação a um desses reinos, é como estar sentado no trono do reino em questão e todo o universo é visto daquela forma, com aquela paisagem de fundo, aquele horizonte. Surge a experiência de mundo interna refletida como externa.

Dentro e fora não são duas coisas separadas

Temos então a Coemergência: eu vejo fora, o espelho mental dentro.

É interna e externamente, inseparáveis. O mundo é o que surge atrás dos olhos. Por exemplo, vocês já viram o que acontece quando falamos com outra pessoa? Se ela não construir o mesmo lugar que estamos falando, não conseguimos ver o outro.


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A separatividade é quando começamos a separar eu aqui e você aí. Começamos a colocar a régua dos sentidos físicos, temos os 5 sentidos e a mente.

Quando colocamos essa régua, já temos a separatividade. Quando vemos os objetos físicos, já vemos os objetos com respostas prontas. Vamos olhando para as coisas e já temos as respostas prontas sobre: como é, como deveria ser, tudo com o conteúdo que é natural, só que nas bolhas.

O movimento de energia condicionado é inseparável da bolha. Já começamos a intuir a comemergência. A questão principal é se há fixação a essa experiência que surgir, como se isso fosse tudo e não.

A bolha e a flutuação de energia

Na paisagem, aquele é o lugar que quando você olha, você só se move em determinado jeito e ele já tá tudo estabelecendo como que vai se mover dentro das bolhas. É isso: a pessoa está se achando super hábil e esperta. Mesmo que o seu movimento seja ternário, ele é resumido em gostar, não gostar e indiferença.

Fechados, fixados à bolha, só podemos ter experiência corresponde a matriz sútil (sentimentos, pensamentos, padrões habituais), a um processo mental que nos permite se mover de forma limitada, ainda que seja funcional.

Nós vemos um pedaço de papel e traços, riscos como palavras. Não queremos ter conclusões sobre a experiência de realidade. Mas sim, de onde que estamos olhando aquela experiência. Isso é super útil.

Mas, vai nos permitir aproveitar a experiência de dor como substancial e como ela ganha força e se torna viva.

Exemplo do YouTube como bolha e a experiência de mundo

Por exemplo, quando estamos no YouTube, podemos controlar um vídeo que está ali. Mas, não tem nada de objetivo ali. Tem uma tela de luz, dados binários, cenas em uma linha do tempo. Por vezes, são até gravações, ou seja, são lembranças, coisas passadas. A imagem na tela de luz não tem um objetivo nela mesma. Ela precisa da atenção mental que a sustente dentro de uma bolha.

Outro exemplo é você acabar de assistir um filme e conversar com a sua namorada. Vocês podem ver coisas diferentes sobre o filme e isso tem a ver com o modo como vocês se construíram naquela experiência.

Desse modo, enfraquecemos o hábito de condenar o mundo como se ele fosse externo e flexibilizamos o modo como posicionamos a nossa mente nas alegrias e tristezas.

A experiência de mundo e os bodisatvas

Bodisatvas estão cansados de usar máscaras. Eles entendem que tem uma mente luminosa que se faz limitada dentro de um jogo e cria as identidades que pensa, age, se contrai, se amplia, chora, sorri.

O bodisatva olha para quem se move assim e por compaixão, vai ajudar o outro a destrancar o samsara. Mas, o bodisatva não tem a pretenção de emitir recibo quanto ao número de ações compassivas exercidas.

A cegueira (avidya), não bloqueia a ação da mente de um bodisatva. Assim, ele se mantém aberto as possibilidades, a amplidão da mente, as experiências de um mundo interno ilimitado. Desse modo, fazemos o que precisa ser feito.

A experiência de mundo usual é como um programa rodando com 3 animais, os 6 reinos e os 12 elos.

A nossa experiência de mundo pode ser a experiência do samsara ou pode ser a Mandala do Bodisatva, uma vida com a perspectiva do Dharma se dá com outras bases internas. Por exemplo: compaixão.

A compaixão é uma inteligência subversiva ao samsara. É a vacina para essa cegueira, avidya. Não conseguimos acessar outras pessoas, por completo.

Ouça agora: 6 formas de avidya | #4 – A bolha como experiência de mundo



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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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