As três formas de repousar na sabedoria

as três formas de repousar na sabedoria
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A prática de meditação no cotidiano se utiliza da sabedoria para revelar a sadedoria, Prajna. Usarei o termo “Prajna” para descrever a Sabedoria Primordial e “sabedoria”, para descrever a operação mental resolutiva. Nós vamos nos acostumar a olhar com esses “óculos” contemplativos em todas as situações, seja quando estivermos sentados no sofá, dirigindo um carro, lavando a louça, em movimento.

Aqui, “meditar” é olhar com profundidade a distração mental e sua origem e a fixação das auto-imagens, as identidades, nas bolhas.

Jigme Lingpa diz:

“Sabedoria é a liberação espontânea do apego e da fixação; nesse estado não há nem pensador e nem pensamento”.

As três formas de repousar na sabedoria e seus detalhes

Segundo o grande iogue Patrul Rinpoche, em Palavras do Meu Professor Perfeito, ele descreve três formas de repousar na sabedoria. “Repousar” aqui é ´descrito como olhar as coisas ao redor, interna e externamente, a partir desse silêncio vivo.

As três formas são: (1) a sabedoria pela audição, (2) pela reflexão e (3) pela meditação.

Audição sobre a sabedoria

(1) Audição – É basicamente estarmos atentos aos ensinamentos do Darma e absorvê-los, ouvi-los e compreendê-los;

Reflexão sobre a sabedoria

(2) Reflexão – Repassar os ensinamentos mentalmente, pela reflexão, exame e análise crítica. É insuficiente supor que você entendeu apenas porque leu ou acumulou notas de rodapé… É preciso ter certeza de que quando você estiver sozinho, será capaz de internalizar o ensinamento;

Meditação sobre a sabedoria

(3) Meditação – Através da meditação e da contemplação, ganhanamos experiência na prática que compreendemos pelo intelecto. Temos confiança e certeza de dentro, da meditação silenciosa, liberamos as dúvidas e hesitações, vemos o Darma.

O equilíbrio entre as três formas de sabedoria e a meditação shamata

Com a meditação shamata, nós aprendemos a direcionar o foco da nossa mente, é essencialmente acalmar a mente. Assim, nós conseguimos olhar para os objetos, sensações, emoções, pensamentos, sem nos sentir exaustos e sugados por eles.

Agora, temos um foco, temos atenção propriamente e podemos olhar com mais profundidade, para dentro. É como assistir ao movimento da mente em resolução Full HD. Talvez, se já tentou praticar sozinho, você tenha percebido a impossibilidade de impor o seu ritmo – baseado em desejo, apego e aversão – a mente.

Ela irá se rebelar, com certeza. Portanto, precisaremos nos acostumar, habituar, a essa nova forma de operar a mente com shamata aliada as três formas de sabedoria. É crucial percebermos essa ação da mente além de movimento e quietude, como diz Dudjom Lingpa.

É necessário uma certa constância e paciência para olhar com essa concentração. Por isso, falamos em treinamento da mente. São um conjunto de técnicas e ferramentas, digamos assim, testadas e aprovadas pelos praticantes tanto homens quanto mulheres, da linhagem. Afinal, nem tudo pode ser respondido pelo Google.

Imagem de Patou Ricard por Pixabay

Para saber mais:

Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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