Como conseguir lidar com o sofrimento de modo prático e sem sofrer junto?

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No budismo, somos criadores de felicidade e ela independe da ação do outro. Isso é algo extraordinário! No caminho do bodisatva a nossa prática diária é o contato nas relações. O que temos a oferecer? Os seis reinos? É isso mesmo? Temos as ações transcendentes como as quatro incomensuráveis, as seis perfeições e as cinco sabedorias.

Podemos fazer diferente? É possível lidar com o sofrimento ou apenas seguir com os padrões habituais e neuróticos?

A relação com o carma ou a maneira como as situações enrijecem nosso sofrimento muda com o tempo. Surge em nós uma espécie de anseio para querer trabalhar com as situações difíceis, ao invés de afastá-las. Ouvir os ensinamentos, praticar meditação. Algo em nós diz: “eu deveria seguir nesse caminho”. Olhamos para a sujeira que está embaixo do tapete, reviramos o carma pelo avesso e o que acontece?

O que deu errado de novo? Cansei desse deja-vu!

Sabe aquelas birutas de aeroporto? É como se tivesse algo que falasse por nós dentro da nossa mente e mandasse nas nossas ações. Por fim, temos que lidar com o sofrimento. O desafio é como integrar a nossa meditação e entender o mecanismo que desata o “João biruta” da mente.

Por um engano, um susto, chamamos esse impulso de “eu”, “meu” ou “minha”.

Sugiro que você escute o encontro das três perguntas que abrem visão diante do estreitamento da mente. Estudamos o aspecto relacional e a nossa essência interna, que surge na mente, ao mesmo tempo. Dessa maneira, todos os nossos obstáculos, medos e sofrimentos, começam a perder força. 

Nós acabamos por cair da gangorra do pensamento dualista onde lidar com o sofrimento é 100% agarrá-lo, ou evitá-lo. Se nessa posição aberta, lúcida, de Prajnaparamita, nos oferece liberdade de escolha e para irmos além do que pode ser pensado, além dos limites das bolhas, dos venenos da mente.

“O que deu errado de novo? Cansei desse deja-vu!” Começamos a abrir nossa vida para o Darma dessa forma. Um ser senciente é aquele ou aquela que opera a mente sem se dar conta dessa sabedoria. Desconhecer o funcionamento da mente é ser traído pela realidade que criamos, em algum momento. Ao ver todas as aparências com compaixão, despertamos o atalho da mente de sabedoria de Prajnaparamita.


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Apenas compaixão é insuficiente para lidar com o sofrimento

Um dos exemplos clássicos de treinar Prajna para as coisas, é contemplar a consistência real do fogo. Ele pode queimar nossa mão, pode aquecer nossa comida, é funcional, tem um objetivo na nossa vida, pode ser calculado, tem uma cor e assim por diante. Ao mesmo tempo, ele surge de causas e condições, perdura e depois cessa. Dessa maneira, começamos a ver a interdependência de todas as coisas e relações. E portanto, temos a chave da compreensão mais profunda da realidade: tudo se apoia, como diz a professora Elizabeth Mattis-Namgyel.

Precisamos experimentar o sabor da sabedoria! Apenas a compaixão é insuficiente, pois temos apegos e desejos que nos travam na hora de ajudar. Então, a bodicita atinge sua completude por meio da acumulação de méritos (relações) e sabedoria (discernimento).

Ouça agora o PODCAST “Como lidar com o sofrimento de modo prático e sem sofrer junto”



REFERÊNCIAS



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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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