Como controlar um pensamento invasivo na meditação?

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Recebi a seguinte pergunta pelo instagram:

“Quando vem um pensamento ”esqueci de fazer tal coisa”, seria interessante pensar sobre o pensamento?

Tipo “mas tem como fazer depois” ou então observar a emoção que aparece junto com o pensamento, como, por exemplo, a preocupação, ou a ansiedade e perceber essa emoção aparecendo, mas respirando?

Ou isso seria meio incontrolável, o que surgir surgiu?“

Quando você medita, descobre um poderoso recurso interno.

Os pensamentos são vistos de outra forma, muito além da euforia e do tédio.

Nesse sentido, o lugar interno de onde estamos olhando para os pensamentos é mais importante do que o que fazer com eles. O que faz o olho brilhar?

Mais um pensamento na meditação e sem pedir licença

Uma crença comum é acreditar que meditar é parar de pensar e isso acontecerá por controle ou disciplina.

Os grandes mestres da tradição usam a analogia de uma pessoa comum e um praticante de meditação. O primeiro vê as situações e problemas como se fossem vistos a partir de uma janela: estou aqui, o problema está lá.

Já um meditante se relaciona com os pensamentos como alguém que se vê diante de uma sala de espelhos.

Quando você senta para meditar, se dá conta de que tem uma mente atrás dos pensamentos. É como estar diante de um espelho. Ter consciência do reflexo no espelho e a maneira como reagimos a isso é a questão.

O espelho não se abala com a imagem, apenas a deixa ali, a reflete de modo natural.

A descoberta é a capacidade da mente de refletir imagens mas sem se identificar com elas.

Você se permite afrouxar o fluxo de pensamentos desgovernados.


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Sem essa consciência a respeito, cada pensamento que emerge servirá como uma espécie de ringue de luta. Você seguirá no piloto automático.

Usar um pensamento para frear o pensamento é se esforçar em vão. Eles possuem a mesma força. Você se sentirá exausto(a).

É como usar um cabo de guerra e cada agitação mental está em cada lado, medindo forças. Na verdade, você é o cabo de guerra.

Com luta, rigidez e controle, não há avanço. Apenas colhemos mais hostilidade e desorientação.

O alcance da sua meditação

A ideia central é discernir a nossa capacidade e relacionamento com o pensamento na meditação. Caso contrário, vamos forçar a barra. Seremos conduzidos ao desânimo e à desistência.

Estaremos fantasiando a prática de meditação, como se ela fosse mais um reforço das nossas atividades e ideias usuais.

Vejamos o exemplo: ao surgir um pensamento “esqueci de fazer tal coisa”.

Você precisa relaxar em vez de dar sequência a ele com outro pensamento. Isso a mente já faz, de modo natural.

Em seguida, você discerne o que surgir como movimento ou quietude.

Não importa qual pensamento surgir, apenas identifique a mente como: em movimento ou em quietude.

Daí, você relaxa e retorna ao estado natural e testemunha o que acontece em seu corpo, fala e mente. Então, você começa a ancorar o corpo, fala e mente, sem precisar dar sequência aos pensamentos e emoções.

Esses impulsos contraditórios, quando identificados, são vistos apenas como pensamentos e emoções. Estamos conscientes desse processo.

O fluxo natural de um pensamento e das emoções

É crucial entender essa parte para podermos avançar na meditação.

Quando você relaxa diante do movimento da mente, esse afastamento permite o pensamento seguir o seu fluxo natural — ele surge e se dissolve. O pensamento congela em nossa mente apenas quando há fixação dualista a esse movimento.

Quando não conseguir relaxar, tudo bem. Retorne ao ponto de se perguntar:

o que houve? O que está acontecendo na meditação?

Nesse ponto, você compreende a necessidade de abarcar os ensinamentos preliminares ou a fundação do caminho.

Dentre eles, o entendimento da Bodicita é a chave de saída dos automatismos e aprisionamento diante dos pensamentos e emoções na meditação.

A atitude mental por trás da meditação é o lugar onde a prática acontece, de fato. Sem levar isso em conta, nós acabamos na mesma hostilidade e agressão usual. O lugar onde tudo faz sentido é onde a transformação acontece, a mente é ampla e liberta dos próprios aprisionamentos, desde que seja treinada para isso.

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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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