Você está no meio de uma discussão. Está muito bem concentrado, olhando minuciosamente o próximo argumento, aquela pessoa ao seu lado, virou seu adversário.
Você está tenso, se tornou calculista, está admirado com a sua estratégia de como encurralar a conversa. Apenas espera o momento ideal para isso. De repente, o seu suposto adversário, toca seu ombro e diz: “Bom, e a compaixão aqui, como fica?”
Na imagem da Roda da vida, no reino dos infernos, onde tudo é visto e validado a partir da agressão e da dor, tem um bodisatva oferecendo uma flor de lótus. Isso não é bem-vindo pelos olhos dos seres que estão motivados a andar por agressão e medo.
Essa é uma ação é subversiva ao samsara. Nos jogos de transmigração, é algo extraterrestre falar de compaixão. Os bodisatvas entendem que existem qualidades e virtudes da mente, além das aflições mentais habituais.
Essa é a boa notícia do Darma — operar a mente com qualidades que transcendem o auto-centramento. O vício de centrar em você mesmo.
Energia constante na ação
Essas qualidades de ação estão sumarizadas nas 6 paramitas.
A energia constante é precedida por generosidade, moralidade, paz e paciência. É a quarta paramita, é como a armadura do bodisatva. Armadura aqui não diz respeito a lutar contra algo ou alguém, muito pelo contrário, exemplifica a determinação e coragem de seguir praticando em meio às dificuldades.
É uma linha, sutil, na divisa entre nosso oferecimento e apego, uma divisão tracejada, que precisamos olhar vez após vez, se quisermos realmente avançar no caminho.
A energia constante aquece a nossa capacidade de transmutar o adverso em resiliência. Esperar que as coisas estejam calmas para começar uma mudança interna, é adiá-la a cada momento. Diante das picuinhas, histórias, situações inconvenientes e descontentamento, temos a oportunidade de seguir sem se abalar e, em simultâneo, sem negar nossa abertura.
O aspecto prático da energia constante é o fato de você se dedicar com toda a intensidade em suas atividades e sem flutuações, para oferecer benefícios.
Ao encontrarmos com os seres, todos tortos, ao invés de nos sentirmos compelidos, surge um entusiasmo em oferecer ajuda.
Para ajudar sem se afogar é preciso energia constante.
Um exemplo é vermos outra pessoa afundando na negatividade, e daqui a pouco, nós estamos afundando juntos! O que houve? Estou para oferecer e ajudar os seres a terem bem-estar, felicidade temporária e definitiva. O que deu errado?
A intimidade com a energia constante vem pelo contato nas relações. Por ser uma inteligência aberta, que nos permite ter uma intimidade com a vida, não flutuamos energeticamente, e seguimos com motivação e disposição, ternos, serenos a agir se for necessário. Tudo de maneira relaxada e precisa. Nossa energia independente de gostar ou não gostar. Não temos a sensação de que ajudar é um martírio.
Sobre o tema, o Lama Padma Samten afirma:
“Essa energia corresponde ao fato de que vamos nos dedicar com toda a intensidade e com uma energia constante, sem flutuação, para multiplicar os textos, para passar os ensinamentos, para ajudar os seres a entendê-los, e para que nós mesmos possamos praticar. Vamos fazer isso incessantemente.”
Ouça agora o podcast “Como fazer para ter energia constante mesmo que você seja muito distraído(a)?”
Referências
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