Nós estamos presos ao sofrimento. Será? A partir do segundo giro da Roda do Darma, o Buda explicou que o sofrimento tinha a natureza da vacuidade e, portanto, era tão sólido quanto gelatina. Então, se isso é verdade, como que nós ficamos atolados nesse mecanismo, como se fosse uma areia movediça dentro de nós?
O Lama B. Alan Wallace explica:
12 elos é a combustão de avydia
O barro perde a identidade de barro para se transformar em um pote de cerâmica. Há um certo momento nesse processo que o nome “barro” se perde… Só vemos o pote. Da mesma forma, quando construímos uma casa, todos os elementos como areia, cimento, concreto, etc. Eles perdem suas características e viram outra coisa.
Há um princípio de conservação onde os materiais têm um nome e a medida que as coisas se transformam, elas ganham outro nome. A nossa mente conceitual recorta as aparências de um todo. Sempre achamos que as coisas estão lá, como se a nossa designação não importasse. Em que momento o pote de cerâmica passa a existir? Quando designamos o pote como pote.
Um olhar apreciativo – de fora para dentro
O ponto central é: tudo o que usamos como base de designação não está lá fora, esperando ser designada. O carma nos impulsiona e é um tema absolutamente central para visão budista, é complexo. É o carma que faz com que as aparências surjam a cada momento. Da mesma forma, quando estamos assistindo TV, a nossa perspectiva é que vale. O movimento cármico surge involuntariamente. Mas, como fazemos as coisas ganharem brilho na nossa frente?
Somos nós quem designamos as aparências, portanto temos alguma liberdade quanto as aparências. Se nunca praticarmos a introspecção, a gente nunca vai perceber a mente. Em todos os momentos somos capazes de prestar atenção em apenas uma fração de realidade.
Nós estamos verdadeiramente presos ao sofrimento. Será?
O carma é uma variedade de possibilidades, mas são exclusivas de uma pessoa. O que nós escolhemos para prestar atenção em apenas uma fração de realidade? O que nós escolhemos para prestar atenção e a forma como escolhemos prestar atenção, cada uma dessas realidades são vazias de existência.
Se você constrói, você pode destruir. É como um romance que você escreveu mas não têm paredes limitando as aparências. A partir da vacuidade, temos infinitas possibilidades. Podemos, por exemplo, sustentar uma mandala. Não estamos realmente ali. Embora seja meramente designado, existe apenas uma aspiração causal.
Se nós pudermos pegar qualquer coisa e destruí-la, modificá-la, transformando-a, isso necessariamente implica que aquilo nunca foi sólido.
Que muitos possam se beneficiar!
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