Como levar uma vida com sentido?
Como podemos nos ver no mundo e fazer algo significativo em nossas vidas?
Essa é uma pergunta desafiadora já que perguntar como levar uma vida com sentido inclui a questão de como devemos vivê-la também.
Para muitos, satisfazer estas definições infinitas e em constante mudança sobre o que é o “propósito da vida” é algo banal. Mas, as definições de “felicidade” e “sofrimento” flutuam o tempo todo.
No livro o que não faz de você budista, Dzongsar Khyentse Rinpoche traz as seguintes reflexões:
- Uma relação de namoro leve pode mudar subitamente quando uma pessoa deseja uma relação mais séria; a esperança transforma-se em medo.
- Brincar na areia da praia para uma criança é a felicidade.
- Na adolescência, ser rebelde contra os pais é felicidade.
- Na meia-idade, dinheiro e uma carreira são felicidades.
- Quando se está no final dos 80 anos, colecionar saleiro de cerâmica é felicidade.
E agora?
O que torna uma vida com sentido?
Voltemos ao tema inicial: o que seria levar uma vida com sentido?
É inclui uma preocupação básica que é olhar o efeito, a consequência dessa busca por essa felicidade a curto, médio e longo prazo.
Nos bastidores das nossas histórias pessoais, a busca real das nossas vidas é a felicidade.
Podemos contra argumentar e justificar que a felicidade é algo sem sentido devido aos noticiários, a intolerância nas redes sociais e assim por diante.
Bom, o Dalai Lama, sobre essa questão da felicidade, provoca:
“Lembre-se, sou um simples monge budista e um dos meus votos é ajudar a aliviar o sofrimento no mundo. Então eu tenho que perguntar, eu serei mais eficaz em aliviar o sofrimento no mundo se eu estiver feliz ou não?”
Uma vida com sentido e a abundância de sorrisos
Nós estamos ficando tão sérios e tensos que em breve vamos precisar fazer um curso “como voltar a sorrir?” Em breve deve sair na hotmart.
A felicidade que o Darma sugere, ou seja, a felicidade que está sendo proposta aqui é: evitar negatividade, tentar ajudar e dirigir a própria mente.
Nessa tentativa de tentar ajudar, de servir, fazer-se necessário as situações, vamos descobrir que oscilamos em picos de lucidez e picos de confusão. Temos ausência de clareza devido a certos impulsos contraditórios em corpo, fala e mente, que não pedem licença e simplesmente nos arrastam de um lado para o outro.
Quando falamos em confusão, falamos em ignorância, pois o ponto central de todas as ações em busca da felicidade é: desejar a felicidade e evitar se frustrar, evitar o sofrimento.
Logo, precisamos ir à chave que gira a ignição da infelicidade: a ignorância sobre como a mente se engana, a ignorância sobre quem somos.
A ignorância sobre quem somos
Ao olharmos os ensinamentos da Roda da vida como eixo de sabedoria, temos a descrição vívida de como ficamos presos ao autocentramento e portanto, colhemos sofrimento.
A ideia central é reverter nossas ações para que a gente possa oferecer felicidade para nós e os outros.
Temos então a questão da ignorância (avidya em sânscrito) que pode ser resumida como o modo como imprimimos solidez as experiências.
Um exemplo simples é nos enganarmos com 4 pernas e uma tampa de madeira e dizemos: “isso é uma mesa”.
Em um sentido mais profundo, essa ignorância fundamental sobre a natureza da realidade obscurece até mesmo a forma como nos percebemos.
Isso fica evidente no modo como nos instalamos, claro nas relações também.
5 perguntas para olhar a vida em profundidade
Quando falamos de felicidade, temos essas 5 perguntas para ajudar nessa busca:
- Como lidar com a questão da agressão interna e externa?
- Como ajudar com lucidez?
- Como lidar com doenças e mudanças?
- Como lidar com uma crise?
- Como cultivar a experiência de amor genuíno nas relações?
Mudar o comportamento e avaliar nossas ações
Em relação a como fazer isso acontecer, precisamos falar sobre Visão e comportamento. É claro que o nosso comportamento influencia no modo como buscamos a felicidade.
No Darma, temos, em geral, o caminho do ouvinte e o caminho do Grande Veículo.
- Ouvinte — Não prejudicar os outros
- Grande Veículo — Compaixão para ajudar os outros
Introduzimos a meditação e a sabedoria Prajna, o nosso comportamento muda, pois temos como ir à raiz da questão — a ignorância de como a mente se engana.
Felicidade como uma vida com sentido
Segundo os ensinamentos, a felicidade vem ao cultivarmos o hábito de desenvolver o que chamamos de qualidades do coração.
Sabemos que elas existem conosco mesmo que não deem ibope no noticiário e curtidas: compaixão, amor, alegria, equanimidade, generosidade, moralidade, paciência entre outras.
Através das práticas de meditação aliadas às contemplações sobre a origem dependente, entendemos com profundidade o nosso próprio lugar na realidade.
Uma vez que tenhamos entendido nosso assento na realidade, podemos ampliar este entendimento para os outros e, desse modo, vir a sentir compaixão profunda. Daí, surge uma felicidade incomum.
Por fim, ressalto que a felicidade que estamos propondo aqui não vem de fora. Ela já está conosco, basta sermos honestos e olhar honestamente sobre o que estamos fazendo com o nosso tempo, a nossa vida, que isso ficará claro.
E para finalizar, deixo a citação de Lama Padma Samten:
“Na meditação, a pessoa se acalma. É mais fácil localizar aquilo que somos dentro da meditação do que dentro das coisas agitadas, estando sempre em transição.
Por exemplo, você não é o seu trabalho, você é um ser meditando. O desafio será entender: aqui não está acontecendo nada.
Ainda assim, tem energia dentro de ti. Se deixar vir, tem um brilho, dentro de uma experiência simples.
Essa felicidade está ali, dentro. A forma de viver muda.
Em vez de saltar para os lugares para colher um pouco de felicidade passageira, tu ofereces, irradiando felicidade.
A gente não medita para encontrar a felicidade: ela já está lá. Só encontramos algo que já está lá. Em vez de chegar como alguém faminto, sedento, você chega como alguém que vai oferecer algo.”