Introdução
As emoções e os diversos padrões emocionais estão ligados a diferenças sutis, mas claras, no modo como as pessoas constroem a realidade do cotidiano: o modo como andam, falam, escrevem, leem, comem, dormem e assim por diante.
No entanto, na perspectiva budista, essas formas como nos construímos nos diversos âmbitos deveriam ser olhadas com mais cuidado e profundidade. Somos convidados a olhar para o nosso mundo interno, liberar os condicionamentos que surgem da ignorância – uma forma confusa de olharmos a realidade ou agarrarmos as coisas, pessoas e objetos de modo estreito, fixado. Quando a impermanência surge, inevitavelmente sofremos!
Sabedoria discriminativa – além do esforço e do controle
Se temos discernimento sobre qual base estamos estabelecendo relações, isso nos conduz à uma felicidade estável ou genuína baseada em compaixão e sabedoria. Segundo os ensinamentos, esse estado mental está disponível para nós, está além do ciclo de altos e baixos descritos na roda da vida. É uma felicidade que provém da ausência de esforços.
A perspectiva dos estudos a seguir se dá no caminho da motivação correta, ou seja, veremos cada descrição de experiência de realidade estreita e naturalmente, a insatisfatoriedade oriunda de cada reino de samsara. Em seguida, veremos que a única forma efetiva de andar é através de compaixão, não como um antídoto, mas como uma possibilidade real de ação além do oceano de sofrimento e angústia que nos habituamos a prolongar diariamente…
Lista completa das emoções
Mergulhando nas emoções: reconhecer e dirigir a própria mente com sabedoria
Ao contemplarmos os seis reinos com cuidado, percebemos o potencial de liberdade da mente. Nós podemos oscilar de um reino para o outro em um único dia, ou turno, por exemplo. O exemplo clássico citado nos ensinamentos é o da observação dos seis reinos frente a um copo cheio d’água.
Por exemplo: o reino dos deuses olha a água como um néctar capaz de sustentar a vida; o reino dos asuras olha a água como um instrumento a ser conquistado pelo poder (empreendimento), pela astúcia ou mesmo pela força militar; para os humanos é apenas água, usada para regular a saúde; os animais veem como um meio de sobrevivência.
Para os fantasmas famintos, a água é desejada ardentemente mas muito escassa, quase impossível de ser encontrada. Nos infernos é usada como arma para torturar e matar. Portanto, se podemos nos deslocar de um reino para o outro, não somos propriamente esses reinos e suas ações equivocadas.
Nós o potencial criativo da mente operando sobre condicionantes. Quando deixamos de nos fixar naquilo que pensamos que somos, há apenas o reconhecimento natural da essência da mente e sua expressão criativa incessante e pura, em todas as direções. Ação sem esforço… alegria!
Referências
- Lama Padma Samten – A roda da vida como caminho para lucidez, meditando a vida, a jóia dos desejos.
- Chogyam Trungpa, Muito Além do Divã Ocidental – Uma Abordagem Budista da Psicologia;
- Patrul Rinpoche, As Palavras do meu professor perfeito – Um guia para as preliminares da Essência do coração do vasto espaço da Grande Perfeição;
- Chagdud Rinpoche, Os portões da prática budista – Ensinamentos essenciais de um lama tibetano;
Pingback: #10 – Orgulho: palco, plateia, fama e esquecimento. | Roda do Darma