Como utilizar a meditação para refletir sobre diferentes aspectos da vida cotidiana?

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Nós sentamos em meditação, shamata com o foco na energia, por exemplo, e tentamos evitar o fluxo incessante de pensamentos. Assim, iniciamos o caminho da meditação, trazendo o hábito usual de tentar controlar o que ocorre ao nosso redor. 

À medida que avançamos no treinamento em meditação, temos a tranquilização da mente e assim, enxergamos com mais clareza o que se passa internamente. Nesse momento  aquilo que os seres de sabedoria chamam de olhar a vida com sabedoria, passa a fazer sentido, ou seja, iluminamos as situações diárias com o olho de sabedoria do Darma.

Sentamos para meditar sem tentar resolver nossas urgências dentro da meditação, nem controlar ou manipular o que surgir. Se isso acontecer, não temos como avançar pois estaremos presos e fixados no movimento de apego e aversão. Ao olharmos com mais honestidade para nossas narrativas, veremos que é possível lidar com as circunstâncias de outra forma, sem tanta agressividade usual, que seria tentar suprimir os pensamentos e emoções.

Uma forma prática de usar a meditação para refletir sobre a vida

Por exemplo, quando nos referimos à impermanência, podemos listar exemplos práticos que nos cercam e verificar em nossa experiência, se a impermanência é uma verdade ou não. 

Chagdud Rinpoche enfatizava que, embora possamos atingir algum nível de estabilidade na meditação, os nossos hábitos são muito arraigados e assim, parece ser muito difícil caminhar no mundo depois de meditar. O mundo se apresenta como externo a nós mesmos devido a delusão.

Precisamos das meditações – quietude com shamata e a contemplação, que vem da meditação analítica – para olhar com mais precisão para dentro. Dessa forma, verdades mais profundas como a compaixão, o amor, a impermanência, a bondade, e assim por diante, se tornam uma experiência real e palpável para nós, independente do que aconteça fora. 

Com a meditação analítica, não aplicamos antídotos e sentimos aversão quando algo acontece. Nós usamos a mente intelectual para contemplar e depois, permitimos a mente repousar. Você contempla e depois, relaxa. Você não está tentando obter nada com o que acontece, apenas relaxar e ver o que já está presente. Dessa forma, conseguimos entrar nas experiências que surgirem com clareza e sem nos contaminar. 

Um convite para ampliar o modo como olhamos para vida

Com shamata, recuperamos a capacidade de trazer a mente de volta, tornando-a nossa aliada. Já com a meditação analítica, do Pensar, contemplar e repousar, investigamos com profundidade nossos pensamentos e emoções, sem rotular as experiências, e vamos além do hábito de oscilar na gangorra do apego e da aversão.

Dessa maneira, damos espaço ao que ocorre e podemos usar qualquer aspecto das nossas vidas como ambiente de prática. Por exemplo, podemos investigar o tema da impermanência e questionar, contemplar e buscar exemplos para verificar se ela impermanência se aplica ou não ao que estamos vivenciando. O mesmo se aplica às outras áreas de nossas vidas. E assim, o coração desperto e as práticas de virtude, da compaixão, do amor genuíno e da alegria fluirão com mais leveza em nosso cotidiano.


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Foto de Sage Friedman na Unsplash

Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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