De onde vem a sensação de aprisionamento ou solidão mesmo quando tudo aparenta estar bem?

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Não sei se você já percebeu, mas quando você define a sua visão de mundo, surgem as suas prioridades sobre como as coisas deveriam ser. Porém, antes mesmo do surgimento de qualquer engano, propósito, meta, objetivo, tabela de excel, emoção, antes de qualquer relação ou pensamento, temos…

Prajnaparamita é ver que as coisas nem sempre são mas também não deixam de ser. Começamos a trocar o foco do autointeresse, da nossa identidade, para encontrar com os seres dentro do mundo deles e assim, ajudar verdadeiramente.

Prajna é ver com abertura ao invés de tensionamento, rigidez e a teimosia em querer estar certo.

Algumas vezes, ficamos ilhados no sofrimento e aí, como fazer para sair desse isolamento sem precisar lutar contra?

Como ocorre o aprisionamento ou solidão mental?

Com base em avidya (ignorância) perdemos a compreensão que surge pelo Caminho do meio, com Prajna. Com a delusão, estamos usando da luminosidade da mente para criar a operação mental construída e validada em 12 elos consecutivos.

Por isso, que falamos em Prajna antes de qualquer ação ou resolução em corpo, fala e mente, propriamente dita. É como se fosse o elo 0, antes dos 12 elos.

Com Prajna, temos o exercício de abrir o coração, para chegar em mais seres ao invés de se fechar na solidão, de modo estreito e mesquinho. Já que temos a visão da impermanência e do carma, temos destemor em estar mais perto dos seres, só que de outra forma.

Quando nos vemos perdidos e em solidão, esquecemos dessa dimensão de liberdade da mente e migramos, sem eixo, sem direção. Longchenpa costuma usar o termo migrate being, que algo como um “ser migrante”.


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O engano da mente e suas consequências

O engano da mente possui uma característica peculiar chamada de ocultação. Isso significa que dentro de uma visão estreita, surge o recorte parcial da realidade, como se aquilo fosse tudo, mas, na verdade, você está vendo de modo parcial. É como se fosse o ponto cego de trânsito.

Avidya opera nos oferecendo algo brilhante e sensacional. Porém, ficamos presos e procuramos uma resposta fora para nossa solidão, como se aquilo fosse inseparável da mente que cria a experiência o que surge. Seguimos amortecidos ali dentro e perdemos o ponto inicial da lucidez, da mente ampla, sempre disponível.

Exemplos de ocultação pela luminosidade da mente

Por exemplo, olhamos para um quadro pendurado na parede e ele é capaz de mexer com nossas emoções. Esquecemos que ali existe tinta e papel. Parece que o quadro é separado de nós. O aspecto luminoso filtrado por avidya, molda a nossa maneira de ser e de ver a realidade.

Podemos lembrar também de quando estávamos na escola primária. Eu lembro de sentar quase que, de modo religioso, no mesmo lugar da classe e ficava bastante irritado quando alguém sentava na “minha cadeira.” Hoje, isso é cômico, afinal, onde estava escrito que aquela era a minha cadeira?

No início dos 2000, quando o EAD se instalava no ensino brasileiro, aquilo causou desconforto e estranhamento. Dentro das visões de mundo que serão renovadas com a impermanência, sofremos por carecer de visão ampla. Hoje, é impossível seguir sem aula a distância.

A solidão termina quando o engano se desfaz

Quando operamos a mente de um certo jeito, não queremos nem cogitar parar e olhar de outra forma para o que nos acontece.

Esquecemos do potencial amplo e sofremos por coisas que daqui há 10 anos, talvez nem façam mais sentido.

Experimente dizer para alguém que está com fome: “espere um pouco!” Aquilo parece nem fazer sentido. A fome é uma descrição bem simplória do que está acontecendo dentro de mente, energia e corpo.

Prajna e liberdade da mente são sinônimos. Liberdade é poder ser o céu enquanto que sem lucidez, desejamos ser nuvens. A água e o gelo não são duas coisas. O gelo é a água sob condições. A aflição mental é congelar a situação e, por ignorância (avidya), esquecer da essência do gelo.

Nós não estamos negando a operacionalidade e o resultado das coisas, mas sim, enxergando com profundidade e clareza o engano de achar que estamos ilhados no sofrimento, presos na solidão.

Basta relaxar e olhar com mais curiosidade a origem dependente, por todos os lados!

O que você descobrirá nesse episódio?

  • 12 elos na visão de Prajnaparamita
  • Bodicita, bodisatva e caminho.
  • Obstáculos recorrentes no caminho
  • Como deixar o sofrimento sem precisar lutar contra
  • Delusão
  • Revisão sobre os aros (círculos da roda da vida) e sua importância.
  • Avidya (ignorância), Môa (acomodação) e Tânha (teimosia).

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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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