Modrić, compaixão e impermanência do Brasil na copa de 2022

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Perdemos a copa de 2022. É claro que seria melhor ter mais uma estrela no manto canarinho e gritar por aí: “é hexa!”

Nos construímos de um certo jeito, depois de outro e de outro. Uma vez fixados ao que construímos, acabamos por esquecer da mente aberta como o céu, incessantemente presente e compassiva. Então, sofremos.

O resultado do jogo abala apenas as identidades na configuração do jogo. O nosso refúgio verdadeiro é o espaço da mente. Mas, nós esquecemos disso. Nós modulamos a nossa energia em busca de um resultado a partir de olhos, ouvidos, nariz, língua e contato do corpo. Também temos a mente dualista e o apego em sustentar o que criou como sendo a descrição mais íntima de nós mesmos. Isso é parcialmente verdade, é uma bolha.

Pegamos cal, grama, fazemos quatro linhas no chão e agora dizemos que isso é um campo de futebol. Precisamos agora de jogadores, de uma bola, de uma torcida, de uniformes, de um juiz e bandeirinhas. Ufa! Podemos achar que isso é um samsara pesado e denso ou, a depender de onde estamos internamente, perceber a liberdade natural da luminosidade da mente em construir, sustentar e dissolver as identidades e paisagens de jogo, de modo incessante.

Confusos e enganados sobre quem somos, vemos apenas solidez e prisão. Nesse caso, precisamos de um barco seguro que nos conduza da margem da ignorância a margem da lucidez que pudermos. Esse é o papel dos ensinamentos, das 4 Nobres Verdades deixadas pelo Buda há 2.600 anos.

Sofremos pois ao término do jogo, configuramos os 5 elementos na dependência da vitória do Brasil na copa de 2022 e isso não aconteceu. Devido a falta de clareza e lucidez sobre o movimento dos 5 elementos, acabamos por sofrer e podemos criar uma aversão a essa experiência. Caímos então no encadeamento dos 12 elos da originação dependente onde o 12° elo é o sofrimento.

Existem 3 tipos de sofrimento: a dos sentidos físicos, a da mudança e a do condicionamento ao sofrimento por ignorância sobre a nossa verdadeira natureza.

Se estivermos fixados a identidade de torcedor, estranharemos o movimento do Modrić indo ao encontro dos brasileiros, ao final do jogo: somos movidos por inteligências maiores que as identidades.

Brota compaixão.


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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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