O que é necessário para o bem-estar do corpo na meditação?

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O bem-estar do corpo na meditação é algo realmente necessário.

Nosso corpo está constantemente nos dando sinais de como estamos, seja como reflexo de nossas emoções, saúde, pensamentos ou bem-estar geral. É como um termômetro do que estamos cultivando em nosso interior.

Por exemplo, imagine que você se mudou recentemente para uma nova residência e tem uma memória curta. Como você se lembraria do seu endereço para poder voltar para casa sozinho?

Aqui, a memória curta é a nossa capacidade de se manter atento e relaxado, a vivacidade ao que acontece no agora.

Enquanto os pensamentos e emoções são passageiros e mutáveis, o corpo é sólido e estável como uma montanha. Ele pode servir como uma âncora durante a prática da meditação.

As 3 portas da meditação

O corpo é uma das três portas onde a meditação acontece, juntamente com a mente e a energia. É comum começar a meditar com uma instrução relacionada à respiração e, em seguida, direcionar a atenção para as sensações, os pensamentos e a mente. Isso tem um motivo importante.

Precisamos ancorar nossa mente agitada, e o corpo desempenha um papel crucial nesse processo pois encontramos um limite, ou seja, não seguimos as imagens e a flutuação de energia usuais.

Quando nos permitimos relaxar durante a meditação, nossa mente se acalma e as sensações corporais se tornam mais nítidas.

A mente conceitual cria a noção de passado, presente e futuro, mas o corpo está sempre no presente. Um exercício simples é fechar os olhos por 5 segundos, colocar as mãos na barriga e se perguntar: “Corpo, você está presente ou não?”. Pode parecer engraçado, mas o corpo está sempre presente.

No início, a experiência de inspirar e expirar conscientemente proporciona um corpo profundamente relaxado e estável, uma consciência clara e mais assertivas dessas sensações e um exercício que se torna mais fácil de ser internalizado com o tempo.

“Parar sua mente não significa parar as atividades mentais. Significa que sua mente permeia todo o seu corpo. ”

— Shunryu Suzuki

Shunryu Suzuki em meditação

O assento ideal e o bem-estar do corpo na meditação

Um aspecto importante para uma prática de meditação ser confortável ou não, é a utilização de almofadas. É fundamental estar bem posicionado e confortável ao sentar para meditar. As almofadas são usadas para promover estabilidade e conforto ao corpo, uma vez que não fomos geneticamente projetados para ficar sentados por longos períodos.

Por exemplo, sentar diretamente no chão pode ser desconfortável e exercer pressão nas nádegas, coxas e nos joelhos. As almofadas, quando bem posicionadas, aliviam essa pressão, oferecendo uma base corporal estável.

Existem diversos tipos de almofadas disponíveis no mercado, a seguir, listo 5 exemplos mais populares.

5 almofadas/assentos para manter o bem-estar do corpo na meditação

  1. Zafu: É um assento de meditação tradicional em formato circular, geralmente preenchido com algodão, que oferece uma elevação estável e confortável para o praticante se sentar. O zafu é usado principalmente na prática de meditação na postura de lótus ou meio lótus, permitindo que os joelhos fiquem mais baixos que o quadril, facilitando uma postura ereta.
  2. Almofada em formato de meia lua: Essa almofada é projetada para dar suporte ao cóccix e aliviar a pressão na região lombar durante a meditação. A forma em meia lua permite que o praticante se sente com as pernas cruzadas ou em posturas de meditação alternativas, como a postura de joelhos, de forma confortável e estável.
  3. Almofada tibetana: Também conhecida como zabuton, essa almofada é usada em conjunto com um zafu para fornecer um suporte adicional e acolchoado aos joelhos e tornozelos durante a meditação. Geralmente retangular e mais espessa do que um zafu, a almofada tibetana é colocada no chão para criar uma base confortável e macia para o praticante se sentar.
  4. Banco de meditação: É uma opção de assento elevado que pode ser usada para meditar em uma posição mais vertical, com as pernas penduradas ou em posturas como a postura de lótus ou meio lótus. Os bancos de meditação geralmente têm pernas dobráveis e uma superfície plana e ergonômica para proporcionar conforto e estabilidade durante a meditação.
  5. Cadeira de meditação: Para aqueles que preferem meditar sentados em uma cadeira, existem opções de cadeiras de meditação projetadas especificamente para essa prática. Essas cadeiras geralmente têm um design ergonômico com encosto e assento acolchoados, permitindo que o praticante se sente em uma posição ereta e confortável durante a meditação.

Uma sugestão é alternar as sessões entre as almofadas e os bancos, reconhecendo o corpo como nosso aliado na prática de meditação, avançando com serenidade em vez de lutar contra ele. Considere também fazer alongamentos – antes de começar a meditar e durante os intervalos da meditação.

Essa conexão entre corpo, energia e mente, e o conforto na meditação, é descrita em detalhes nos sutras do Buda, como o Satipatthana Sutra e o Mahasatipatthana Sutra, e também pode ser aprimorada com instruções específicas de Shamata.


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Imagem de Patrizio por Pixabay

Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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