Nós abordaremos os problemas pessoais nesse encontro de forma simples e rápida. Já imaginou dessa ação estar sempre ao nosso alcance, como um estalar de dedos? Descobriremos a ausência de vítimas e culpados, a mente compassiva e são, sem esforço.
Os nossos problemas são realmente de alguém? Se olharmos com cuidado, os pensamentos e emoções fortes são bem malcriados conosco. Porém, eles não têm CPF! Muito menos, possuem um endereço físico, nem uma cor, nem uma forma. São tão sólidos quanto bolhas de sabão. Basta parar e ver!
Devido a energias de hábito sutis, nós acabamos esquecendo das nossas liberdades internas e acabamos capotando dentro da nossa própria mente como se ela fosse um local apertado e sombrio.
Pode ser fácil para alguns identificar as emoções perturbadoras. Mas, isso é insuficiente! Precisamos olhar a real intenção – a paisagem – que nos aprisiona em dejavu, nas mesmas situações. Isso se dá quando contemplamos como estamos povoando a nossa mente de maneira equivocada ou nociva.
Liberdade diante dos problemas
O Buda explicou o giro da roda do Darma. A partir daí, a origem dos nossos problemas aparece quando localizamos as identidades e seus mundos autosutentados, luminosos. Então, o foco central dos ensinamentos é a liberdade diante disso. Parece complicado, mas é só uma forma de olhar para as coisas que precisamos treinar e nos habituar.
É como nos darmos conta da nossa rotina diária onde andamos pela mesma calçada para rumo ao trabalho, todos os dias, às sete da manhã, e perceber detalhes antes cegos. Agora, vemos na calçada uma nova flor brochando, ou a existência de outras pessoa ao seu redor, além de nós mesmos, caminhando e conversando. Aquilo está sempre lá, presente, mas como estamos ocupados como “gerentes” das bolhas de realidade, passamos despercebidos diante da vastidão e alegria presente nas coisas. Assim, começam os problemas pessoais.
No momento, a nossa imaginação desconhece uma mente mais ampla, compassiva e dócil diante dos problemas pessoais. Cabe a cada um experimentar, sentar um pouco em meditação, descansar de si mesmo, perceber a vastidão interior de um silêncio vivo e aguçado. Uma maior compreensão quanto aquilo que chamamos de “vida”.
Seguimos girando a roda do Darma!
Dicas para aproveitar melhor os estudos:
- Leia o trecho “Darma da vez” escutando a gravação no podcast;
- Enriqueça a sua compreensão: Procure exemplos em sua vida com pessoas próximas, nos noticiários, nas diversas conversas entre amigos, no trabalho, etc.
- Antes de seguir para o próximo estudo, anote os exemplos ou as eventuais dúvidas e se preferir, compartilhe com o grupo de apoio aquilo que achar apropriado, dentro do escopo do tema.
Darma da vez
p.118
Onde estão localizados os problemas pessoais?
Vamos, então, fazer um foco específico nos problemas residuais para tentar superá-los. Nesse caso, nós precisaríamos compreender como é que essa identidade surge e se estrutura. Agora, ao invés de pensar que essa identidade não existe e que ela é liberdade, nós vamos ver como é que ela se estrutura na sua aparente solidez. Vamos ver, por exemplo, que todas as identidades são um processo de relação, ou seja, a mente é livre e cada um de nós é um processo de escolha automatizado. Mas escolhas do quê em processos de relação? Devemos, pois, examinar como é que isso está acontecendo dentro do mundo, no processo ilusório, que é onde os problemas acontecem.
Então, nós vamos perceber que a nossa identidade surge como o javali, com as respostas previamente fixadas. Só que essas respostas não dizem respeito ao observador. Elas dizem respeito à relação entre o objeto e o observador, relação entre o mundo e aquilo que é visto como sujeito. Então, o sujeito se define na relação com o mundo. É desse modo que nós vamos olhar os nossos problemas.
Mapeando as dificuldades
Por exemplo, vamos fazer um mapeamento das nossas dificuldades. Nós fazemos uma lista das pessoas que não gostamos de encontrar ou com as quais temos obstáculos; dos lugares que temos dificuldade de chegar; das situações que gostaríamos de evitar. Listamos isso com cuidado. Eventualmente, podemos listar também seres sedutores, porque, aparentemente, os nossos problemas só acontecem quando nós olhamos o que não gostamos. Mas dentro da compreensão budista, nós podemos nos ver atraídos por coisas aparentemente positivas, mas que, na realidade, representam um obstáculo para nós, que nos dominam.
Podemos listar vícios, tais como, cigarros, chocolate, bem como coisas e situações que nos atraem, que nós sabemos que são problemáticas. Então, computamos/listamos essas coisas também.
Seis reinos
A seguir, começamos a examinar esses processos dentro da perspectiva dos SEIS REINOS, ou seja, nós tentamos dividir isso por categorias, tais como: se uma coisa nos é atraente, isso se dá porque produz felicidade; porque nos potencializa na luta; porque está dentro dos nossos planos; porque podemos relaxar e deixar de ficar preocupados com alguma coisa. Ou nos é atraente porque nós temos grande carência e é muito difícil obter aquilo; ou porque, através daquilo, superamos medos ou criamos medo nos outros; porque nós conseguimos atingir/violentar os outros; ou porque conseguimos escapar no meio de lutas. Então, nós vamos ver, a partir dos Seis Reinos, por que as coisas nos são atraentes. Aí nós, imediatamente, localizamos o obstáculo.
Fonte: Compilação sobre os ensinamentos dos doze elos da originação interdependente. Ministrados por Lama Padma Samten
Continua!
Podcast
A seguir, aperte o play e acompanhe o estudo em áudio:
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