Como ajudar? As quatro formas de trazer benefícios. Com a motivação de ajudar, além dos interesses autocentrados, a partir do quinto passo, do nobre caminho óctuplo, na perspectiva budista, essa ação se dá de forma espontânea e natural a partir das cinco sabedorias búdicas. Elas têm um aspecto de visão correspondente e uma qualidade de ação. Podemos exemplificar esse termo de “visão” como se fossem óculos que usamos para ver as diversas situações de acordo com a real possibilidade e disponibilidade de ação para lidarmos com o que surge.
Por exemplo, com a sabedoria do espelho, temos o acolhimento; A da igualdade, temos a qualidade de ofertar/ sustentar situações positivas; Com a discriminativa, temos um eixo positivo (as quatro nobres verdades e o caminho de oito passos); Com a da causalidade (interromper a negatividade) e de Darmata (reconhecimento na natureza incessante de todos os seres).
As seis perfeições (paramitas)
- Generosidade
- Moralidade
- Paciência
- Energia Constante
- Concentração
- Sabedoria (atual)
Sugestão para aproveitar os estudos
- Leia o trecho “Darma da vez” escutando a gravação do estudo em no podcast ;
- Enriqueça a sua compreensão: Procure exemplos em sua vida com pessoas próximas, nos noticiários, nas diversas conversas entre amigos, no trabalho, etc.
- Antes de seguir para o próximo estudo, anote os exemplos ou as eventuais dúvidas e se preferir, compartilhe com o grupo de apoio aquilo que achar apropriado, dentro do escopo do tema.
Darma da vez
As Quatro Formas de Trazer Benefício
A primeira forma é a ação tranquilizadora, ou seja, a outra pessoa está mal e nós a apoiamos, sustentamos, ajudamos, normalmente essa é a forma como um amigo age. Conversamos com o outro, estamos juntos, presentes. A segunda forma é a incrementadora, porque talvez apenas conversar, dar apoio, estar perto, não adiante; precisamos levá-lo para o hospital, ou ajudar a construir alguma coisa, ou ajudar a remover algum obstáculo, algum espinho, ou seja, nos colocar em marcha em corpo, fala e mente para ajudá-lo. Mas nem sempre isso é útil, porque pode ser que baste dar apoio, e assim o outro vai, mas se precisar nos colocamos em ação junto com ele.
Mas, eventualmente, pode ser que o outro não tenha lucidez, ele está mal porque ele está usando a sua energia numa direção incorreta. Assim, ajudá-lo, mantendo um eixo equivocado, não adianta. Se ele estiver recorrentemente fazendo maus negócios, por exemplo, e nos pede “por favor, me empreste dinheiro, porque agora vai dar certo!”. Nesse caso, emprestar pode não ser uma boa coisa, ele pode estar apenas plantando mais problemas, mais preocupações que virão adiante. Um outro exemplo: um jogador que já empenhou até a casa da sogra vem e nos diz “olha, agora eu tive uma intuição extra, eu vou dobrar todas as apostas e quando eu ganhar todos vamos ficar muito ricos! Vamos pagar todas as nossas dívidas. É agora, você é meu amigo ou não?”
Como não se abalar?
Então nesse caso, a aposta do outro não é interessante. O melhor é darmos um outro eixo para a pessoa. Podemos dizer “agora você vai fazer um curso de culinária e depois você vai trabalhar num restaurante”. Dessa forma retiramos a dimensão grandiosa daquele seu impulso. Por outro lado, eventualmente, a pessoa está não só com o eixo equivocado e por isso ela está cometendo erros recorrentes e está afundando, mas ela está decidida a fazer algo catastrófico. Então, se somos amigos, devemos impedir, mesmo correndo o risco de estarmos errados. Esse terceiro aspecto é chamado de ação de poder, porque reestruturamos a paisagem do outro. Nas duas primeiras formas, trabalhamos na paisagem em que o outro está atuando. Na terceira propomos uma nova paisagem.
Ação irada: interromper a negatividade
Na quarta, dizemos “Bem, você está nessa paisagem, eu não tenho nenhuma outra para te oferecer, mas essa em que você se encontra, eu vou ajudar a desmontar, com braços e pernas se for necessário!” Por exemplo, uma mãe gritando com o filho que está puxando uma toalha, sobre a qual tem uma jarra com leite quente, que vai se derramar sobre a criança.
Nessa situação não tem acordo, é preciso ser rápido. Então a mãe vai gritar para desestruturá-lo. Não estamos estruturando a pessoa em outro lugar, estamos desestruturando. Então a mãe grita e o filho se petrifica, ela interrompe a sua ação. Mas em seguida ela chega para a criança, que está chorando, e diz “Meu filho, olha o que você ia fazer!” Aí ele chora, e a mãe pega ele no colo e diz “Não chore, não foi nada, não aconteceu nada, podia ter sido muito pior!” E aí ele chora mais ainda. E a mãe outra vez “Não chore mais! Agora vá lá ver se o seu irmão já chegou!” E a criança vai e o drama acaba. Então trocamos de uma paisagem para outra e a situação está resolvida. Mas se ela resolvesse conversar: “Filhinho…”, aí pronto, não daria tempo, o acidente teria acontecido.
A criança já adivinha “Filhinho… ela diz isso porque ela vai me interromper”. Tem uns que são danados, quando eles sentem que a mãe está por perto, eles aceleram tudo e aprontam geral. Então estamos falando da ação irada, ou seja, vamos bater de frente e não vamos dar nenhuma alternativa para o outro. Todas essas ações são alternativas, será uma ou outra.
Podcast
A seguir, aperte o play e acompanhe o estudo em áudio:
Saiba mais sobre as cinco sabedorias
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- Meios hábeis para viver com lucidez;
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