Duas perguntas me movem. São elas:
- Como posso retribuir a bondade dos meus professores?
- Como ajudar as pessoas a perderem menos tempo descobrindo o caminho?
Além do acompanhamento um-a-um, seguimos em grupo, estudamos, partilhamos, aprendemos e giramos a roda do Darma em nossas vidas.
Como iniciantes, é comum nos sentirmos solitários, temos dúvidas, somos frágeis e incapazes de ultrapassar certos obstáculos. Por exemplo, manter uma prática regular semanal é quase um sacrifício! Seja no estudo ou na prática de meditação, é muito apropriado contar com o aprendizado do outro, seja um erro ou acerto, de forma aproveitar mais o nosso avanço de maneira palpável.
A maturidade dos ensinamentos vêm de forma progressiva, dentro de uma linguagem experimental. Sabemos que disciplina e controle são incapazes de promover mudanças efetivas, apenas mascaram as mudanças. Mas, através de um caminho internalizador, somos convidados a para olhar para dentro, a mudança dessa forma é real, efetiva.
Em grupo somos um
Nós precisamos entender isso – onde depositamos a nossa segurança? Nós, como identidades, sozinhos, autocentrados e cheios de opiniões de comercial de margarina sobre a vida, somos uma piada! Ninguém consegue empreender por muito tempo em si mesmo(a). Perda de tempo, sofrimento inevitável.
Dessa forma, nos alegramos pela herança do Darma, sentamos em meditação para praticar com todos os seres.
“Os seres que anseiam pelo Darma
E geram esforço pelo bem do Darma são raros.
Quem faz a roda do Darma girar
Atingirá a suprema sabedoria.”
~ Excerto de “A Questão de Ksemankara”, 1,15
O grande mestre Suzuki Roshi, nos inspira:
“Prática de grupo – É o atalho para a mente imperturbável que está além dos conceitos de pessoal ou impessoal, formal ou informal.”
“É possível praticar sozinho, mas quando praticamos em grupo, podemos ajudar um ao outro; e praticando com pessoas nas mesmas condições, podemos eliminar a prática egocêntrica.”
~ Suzuki Roshi Writes on the Practice Period
Repousar na sabedoria
Nós enfatizamos a prática em grupo como uma ferramenta para tornar os ensinamentos vivos, em nossos corações. Organizamos horários semanais regulares, com temas pré-definidos. Apenas entender é insuficiente.
O repousar na sabedoria é o ponto-chave e abre as possibilidades da mente além da fixação habitual. De modo circular, aprendemos, ou seja, é necessário conhecer, experimentar, realizar e assim confiamos nos ensinamentos.
Nós precisamos reconhecer a nossa verdadeira natureza. Só assim resgataremos nossa dignidade diante das circunstâncias na vida. O treinamento da mente funciona como uma ponte sobre nossos achismos e a realidade – somos muito mais além dos limites impostos sobre nós e os outros, por gostar e não-gostar.
As meditações são como remédios e o caminho, como um tratamento. Temos esse potencial de transformação, vivo. Nossa segurança será estável, além das flutuações, baseadas no reconhecimento do refúgio infalível.
“O nosso recurso principal é o refúgio no buda, no darma e na sanga. O refúgio no buda já o fim disso tudo. Nós tiramos isso tudo como se fosse uma roupa pesada. Nós nos despedimos até mesmo da tarefa de salvar o samsara.
Desse lugar nós olhamos a liberdade com relação a nós mesmos. Nós podemos nos despir do peso do mundo e do peso de nós mesmos sobre nós mesmos. A nossa natureza é livre de nós mesmos. Nós nos despimos disso ao tomar refúgio no buda.”
— Lama Padma Samten
Seguimos no giro da Roda do Darma!