Como lidar com a preguiça e o torpor?

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Obtusidade mental, preguiça e torpor | Reino animal

Dentre os estilos de aprisionamento, os altos e baixos da vida, um deles pode ser descrito como o reino animal. Não estamos nos comparando literalmente aos animais, mas à possibilidade da mente se posicionar de modo obtuso, um recolhimento sério; no sentido de seguir obstinadamente em objetivos predeterminados. 

É como se, dentro dessa mentalidade começássemos a olhar para frente, como se usássemos antolhos. Nunca olhamos para direita, nem esquerda, mas seguimos em frente, com muita seriedade tentando se acomodar a primeira oportunidade disponível, sempre buscando adaptar as situações para confirmá-las às nossas expectativas predeterminadas. 

Pode haver também uma certa passividade, no sentido de que quanto encontramos obstáculos ou incômodos, apenas “empurramos com a barriga” e seguimos. Não importa se estamos nos prejudicando ou não. Há um desinteresse . Simplesmente, vamos atrás do que está disponível, e se aparecer alguma outra coisa, aproveitamos também. 

Por outro lado, notamos um aspecto muito inteligente nessa mentalidade pois sempre há de se ter uma resposta automática, no sentido de que não se consegue enxergar o ambiente ao redor, mas somente o seu objetivo e os meios de atingi-lo, e se inventa toda a espécie de desculpa para provar que o que está sendo feito é correto. 

Quer tratemos de simples tarefas domésticas ou projetos intelectuais sofisticados, podemos ter uma mentalidade obtusa. É como se não conseguíssemos nos abrir para as situações. Há uma necessidade constante de seguir uma coisa e depois outra, independente do resultado. Há bastante agressividade nessa mentalidade obtusa, no sentido de demarcar e/ou defender territórios. 

Por outro lado, pode surgir também uma sensação de desânimo, preguiça ou torpor. É como se nos fecharmos para compreensão funcional do mundo ao redor, aliada a sensação de impotência. Simplesmente abrimos mão do que quer que seja, mesmo que aquilo esteja bem.

Olhamos as situações e desistimos de levar adiante qualquer atividade, por mais interessante que seja. Ou ainda, em meio a uma crise no abastecimento de água, pegamos uma mangueira e passamos uma tarde tranquila lavando a calçada da nossa casa. Assim, seguimos. 

Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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