O que é importante de entender é que a visão que você tem de si mesmo e a visão que você tem do seu ambiente são baseadas em sua própria mente: são uma projeção de sua mente e é por isso que não são a realidade.
Vou dar-lhe um bom exemplo.
Quando (um ser aleatório que pode ser) um francês procura uma namorada ou namorado, há essa energia de busca dos dois lados e, quando de repente eles se veem, inventam uma história incrível. ‘Ah, tão lindo! Nada de errado dentro ou fora.
Eles constroem um mito perfeito. Eles forçam e forçam, a mente inventa tudo.
Se eles são cristãos, eles dizem: ‘Oh, ele se parece com Jesus.’ Ou ‘Ela se parece com um anjo. Ela é tão boa, tão pura. Desejo sempre ouvi-la! Na verdade, eles estão apenas projetando suas próprias fantasias um no outro.
Se ela for hindu, então ele diria: ‘Oh, ela se parece com Kali, como a Mãe Terra, como minha mãe universal. Espero estar sempre perto dela. Ela vai me ensinar quem eu sou e para onde estou indo.
Cada vez que a vejo, meu corpo inteiro treme. Tenho certeza de que deve ser um carma incrível! E porque é nosso carma eu tenho que servi-la, aceitar!’ Você entende? Na verdade, você está criando o carma naquele momento, você o está inventando. Claro, você tem alguma conexão, mas…
E se você é budista, cruza as mãos e diz: ‘Oh, ela é uma dakini e está me mostrando a verdadeira natureza de todas as coisas.’ Você entende? “Quando estou perto dela, ela me dá energia, energia. Antes, eu era tão preguiçoso, não conseguia me mexer, era como um morto. Mas agora, sempre que chego perto dela, não consigo acreditar na minha energia!’ Eu lhe digo, tudo isso é interpretação supersticiosa.
Você pensa que ela é sua amiga espiritual e que antes você não era tão claro e que agora ela fala com você sobre o dharma e tudo fica mais claro. E tudo o que ela faz é realmente perfeito, até suas fezes e urina são tão puros!
Desculpe, talvez eu não devesse falar assim — sou um monge budista! Mas quando falamos sobre o budismo, sobre a realidade, então temos que falar praticamente da vida cotidiana, sobre o que é terreno, o que podemos tocar e ver, não apenas ficar presos em conceitos.
O que quero dizer é o seguinte: você deve reconhecer como cada aparência em nossa vida diária é de fato uma falsa projeção de sua própria mente. Sua própria mente inventa e se torna um obstáculo para tocar a realidade. É por isso que toda a nossa vida, não importa que tipo de vida tenhamos, é um desastre.
Se você tem uma vida rica, sua vida é um desastre.
Se você tem uma vida de classe média, sua vida é um desastre.
Se você ter uma vida pobre, sua vida é ainda mais um desastre!
Você se torna um monge e sua vida é um desastre.
Você se torna uma freira e sua vida é um desastre.
Se você se tornar um cristão, sua vida é um desastre.
Se você se tornar um hindu, sua vida é um desastre.
Se você se tornar um budista, sua vida é um desastre.
Se você se tornar muçulmano, sua vida também será um desastre.
Seja honesto. Seja honesto com você mesmo!
Mesmo se você for a uma caverna, desastre!
Você pode ficar em uma caverna na montanha, nas montanhas nevadas, e ainda assim carregar seu ego com você. Você carrega seu mundo inteiro com você e todas as suas roupas de fantasia não ajudam.
Não estou falando de religião aqui, estou falando de coisas pessoais, quem somos, o que somos, para onde vamos, o que estamos fazendo! Eu sou um desastre, minha mente está fazendo isso. Tudo está sempre comigo, sempre comigo, minhas atitudes me envenenam. É disso que estou falando.
Toda essas crenças que você segue… enquanto você não sentir a realidade como ela é, enquanto você não erradicar suas fantasias, é um desastre. (Agora eu sou um desastre!)
Na verdade, a realidade é muito simples. A simplicidade da mente pode tocar a realidade, e a meditação é algo que vai além do intelecto e traz a mente ao seu estado natural.