Quando falamos em Vedana, o 7º elo da originação dependente, nós precisamos entender a intenção por trás dessa ação mental que nos conduz aos problemas vinculados às bolhas de realidade.
Nós olhamos para Vedana como uma vivência, uma experiência possível de ser exercida na mente. Ao falarmos de uma situação, lugares ou relações, ali dentro, vemos com Prajnaparamita. Aquilo está lá, mas, ao mesmo tempo, não está.
O samsara não tem a solidez que aparenta ter.
Isso significa que podemos usar o corpo, a fala e a mente com outras inteligências possíveis como a própria Prajnaparamita, a mandala das 5 sabedorias, Vajrasatva, Mandala do lótus, entre outras.
Vedana e a meditação
Sem Prajnaparamita, sem essa sabedoria da interdependência, da origem dependente internalizada em nós, trocamos fora, mas dentro, o carma segue o mesmo.
Se não entendemos isso, a prática da meditação se torna um fardo. A meditação acaba por virar mais uma ciranda dos 12 elos. Portanto, essa questão de discernir como samsara funciona nos ajuda a entender o seu cessamento, ou seja, a liberação.
Nós não sentamos para meditar por vedana, achando que vamos encontrar algo diferente na meditação, nós sentamos encontrar aquilo que ele já está estável em nós.
A meditação é o suporte que nos ancora no chão do ser. Entendemos que o samsara tem um movimento limitado sujeito a impermanência e sofrimento. Vedana é a 7º camada de 12 etapas encadeadas como origem dependente.
Vedana como liberdade e luminosidade da mente
Começamos a enxergar esse movimento do samsara sem solidez, é a fixação as experiências que traz essa rigidez.
Nós olhamos para vedana sobre a ótica da luminosidade. Observamos como que isso surge e então, isso aqui já é um roteiro de prática. Contemplar o que surge na mente não é uma ideia a respeito do que fazer… é assim: é para sentar e fazer.
Teimamos em nos definir como uma identidade, nos enganamos com o movimento de energia, com o potencial criativo da mente.
É simplório falar de si como eu e o ego. Tem mais para olhar com profundidade: tudo se resume a gostar ou não gostar, Vedana, como está descrito com detalhes na visão da origem dependente.
Quem sustenta os problemas? Vedana
O processo de gostar ou não gostar não vem do objeto fora de nós. Ele surge como um processo dinâmico, criativo, como movimento de energia e depois nós criamos apego e nos fixamos a isso.
Temos uma experiência abstrata de mente e já sabemos que a experiência de gostar e não gostar sempre se refere aos objetos dos 5 sentidos físicos (olhos, ouvidos, nariz, língua e tato).
A experiência de gostar ou não gosto não nos define, vedana não tem esse poder. Temos: “eu vi, eu ouvi, eu cheirei, eu degustei e eu toquei.” Quando estamos no 7.º elo, já se passaram 6 mecanismos de fixação anteriores, todos condicionados ao estreitamento da visão, a avidya. Nós somos a natureza livre que sustenta esse movimento mas não se confunde quanto a sua essência.
Então, a realidade aparente, o mundo da delusão surge e nós deixamos de lado a realidade como ela é, para nos preendermos a Vedana, gostar ou não gostar. Tudo se resume a atração ou rejeição e assim, seguimos sem rumo para sermos derrubados pela impermanência e reitrodurzirmos o samsara a a partir da ignorância.
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