Vijnana | 3° elo – O embrião de “eu” e a mente inquieta de macaco.

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Descobrir quais são as estruturas sutis de condicionamento que criam a experiência de sofrimento, nos faz repousar na abertura, clareza e compaixão naturais do nosso ser.

Soa estranho pararmos e perguntarmos: de onde surge o sofrimento? Ninguém faz essa pergunta antes de parar o alarme do celular ou trocar de emprego, por exemplo.

Nós temos a natureza livre da mente e começamos a embarcar em imagens mentais e o nosso movimento em mente, fala e corpo se estreitam a partir disso. Esses movimentos de energia darão sentido a nossa sensação de vitalidade e dizemos “eu” e assim damos solidez à experiência de sofrimento.

Entender a natureza que sustenta a aparência como separada da nossa mente, nos livra da dor e do medo. Há discernimento que vem da Prajnaparamita.

Vijnana

Vijnana é o 3° elo na Roda da vida e é representado por um macaquinho inquieto. Ele está em constante movimento sobre o efeito dos 3 venenos: javali, cobra e o galo. Agora, além da energia de hábitos surgidos no 2° elo, que funcionam como um filtro, temos a sensação de que temos que defender essa mente de macaquinho e dizer: “eu sou isso.”

Temos a mente de macaquinho no 3° elo, e ele está pulando de galho em galho, em movimento neurótico. Então o movimento tem uma consciência, uma autoimagem e uma energia de defesa, de apropriação de se movimentar de um certo modo, a partir dessa energia cármica, do 2° elo (samskara).


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O macaquinho simboliza a consciência dual. Surge a auto observação e preservação a respeito dele mesmo. Esquecemos avidya, ignoramos a separatividade e também a coemergência.

O embrião da identidade está na ativa e quer povoar o universo que ele vai construir com os elos subsequentes. Surge um mundo onírico, de sonho, que será ancorado aos sentidos físicos nos elos seguintes da originação dependente.

No 3° elo nossos olhos brilham em busca de propósito, brilham em busca de sentido. Como já temos separatividade, não desconfiamos que essa estrutura dual, que é coemergente conosco. Há uma aflição interna, como uma onda no mar e temos uma sensação muito sutil de “eu”.

Exemplo de olhar madeira como escada

Vamos usar o exemplo de uma escada de madeira para ilustrar esse processo. Quando falamos em escada, já temos um mundo complexo ali dentro. Está implícito que quando temos uma escada, temos degraus de uma escada. Não nos relacionamos mais com a madeira que está ali e sim, com o objeto sutil que sustenta a experiência de escada.

Sem entender como a mente sustenta a aparência de escada, veremos a escada de duas formas: (1) útil e (2) funcional: “ela serve para…”. Isso é verdade, mas só que dentro da bolha. Esquecemos da madeira como madeira.

É o olhar que constrói a experiência de escada. Um cupim, por exemplo, terá outra experiência em vez da nossa. Ou, se estivermos com frio, a madeira da escada pode virar fogueira. Bom, onde que está a escada? Na madeira? Ou no olhar que constrói?

Vijnana é o 3°elo, é onde começamos a olhar como surge a solidez e certezas da identidade, o senso de “eu ”, a partir do elo anterior (2° elo) uma marca mental.

Essas inteligências de respostas prontas não são fontes de segurança e sim, de delusão. Nós embarcamos nisso, nos distraímos, nos confundimos e por fim, sofremos.

Relaxamos. Contemplamos que ao olharmos a escada sem contaminantes prévios, começamos a ver como que a prisão surge e como sair.

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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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