Você vai ao médico para ele prescrever o remédio que você quer?

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Há um certo sintoma geral que se alastra de maneira silenciosa.

Na verdade, 95% das pessoas agem assim. O restante, internalizou a centelha de uma visão ampla.

O sintoma é:

Enquanto eu sou útil para resolver suas questões pessoais, uma pessoa me vê como alguém para manter por perto.

Ou seja, tenho consciência de quem me vê como coadjuvante do seu jogo favorito e quer apoio nisso. Afinal, cada um é a estrela da sua história, a pessoa tem uma biografia e acredita que ela é ímpar.

O problema é que…

Com essa mentalidade, ela se baseia em utilitarismo para aproximar ou excluir as suas relações. Isso é muito interessante e, ao mesmo tempo, alarmante.

Por exemplo, em uma entrevista, eu mal chego a conversar com as pessoas:

Como anda sua prática de meditação?

Sua rotina diária?

Como ser responsável por uma vida ampla e retornar ao seu eixo e trajetória como um ser interdependente?

Como ser alguém que faz diferença, de fato?


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Lembra dos 95%? Estes me vêem como alguém que precisa resolver e concordar com o que é dito em uma conversa.

Quando eu questiono se há alguma aversão da parte de quem se queixa ou se é possível flexionar as suas próprias crenças, a resposta é…

Mas o mundo deveria ser assim! – isso com muita certeza e raiva.

A pessoa se sente ofendida quando questionada, se sente contrariada sobre quem ela é, o que ela defende e suas crenças arraigadas. Isso corresponde a cobra, dos 3 venenos mentais.

Ela tem raiva e, em seguida, ela realmente acredita que a dor dela é a maior dor do mundo e que deveriam parar para lhe dar atenção. Surge impotência e constrangimento por não querer acreditar que pode ser de outro jeito.

Bom, e a parte de olhar para dentro? De ser honesto e sincero a partir do Darma, como fica?

Nessa busca aflita de ir atrás de quem concorde com ela e de não olhar e soltar os próprios apegos, crenças e opiniões, nem de separar horários para tocar o chão, a pessoa apenas reforça a fixação ao autocentramento.

Isso precisa ficar muito claro: autocentramento não é apenas quando tudo vira violência, quando dói. É você se reificar dentro de um mundo fantasioso de sonho, ignorar a interdependência, as consequências de suas ações. É não querer olhar para isso, é só querer ter razão, argumentar e assim por diante.

É como uma criança “incompreendida”, que fica de castigo após arrastar o seu cachorro de estimação por três metros pela coleira. Ela não consegue ver o que vai acontecer com o cachorro porque está muito entretida na sua bolha. Isso é um exemplo do estreitamento da visão.

Quando pergunto: 

Olha, como ficam as 4 nobres verdades nessa situação? 

E você teve aversão? 

É sério que você acha que tem poder e controle sobre algo? Quer mesmo depositar seu tempo e felicidade em algo impermanente?

A pessoa se faz de surda. E teima em ir em busca de alguém que concorde com as dificuldades dela.

Já parou para notar o quão inflexível e insano é se mover em busca daquilo que você gosta e excluir aquilo ou aqueles de que você não gosta? Não é assim que uma criança se move?

Precisamos ser mais honestos e sinceros com a nossa busca se quisermos uma mudança efetiva no mundo onde a transformação seja real: naquele que espelhamos dentro.

E você? Conta nos comentários o que achou dessa conversa!

Quer praticar junto?



Participe!

Créditos da imagem: Monica Carvalho.

Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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