Paciência! Paciência, paciência! Fechou-se, com um silêncio estampado no rosto, sem vida e muita raiva no coração, se trancou para o mundo! Mais uma vez você se sentiu desprezado(a), alguém se dirigiu a você com palavras muito duras, você foi caluniado(a) pelas costas ou simplesmente alguém causou alguma forma de insatisfação, desconforto.
Se ao invés de gerarmos raiva ou rancor, impaciência e ausência de lucidez, usássemos esse recurso formidável da paciência?
Há também o exemplo de pessoas que encontram prazer e bem-estar ao nosso redor e ao invés de nos alegrarmos, nós ficamos desamparados com isso. Não é mesmo?
Quando falamos de paciência, parece que ela está fora de moda. Bom, em algum momento, experimentamos ou iremos experimentar alguma situação dessas. Entraremos em erupção devido à raiva.
Essa relação entre a raiva e a compaixão é clarificada por Shantideva. Ele diz:
“Embora raramente sintamos compaixão
Por aqueles que, devido às aflições mentais,
Chegam a causar sua própria desgraça
De que serve a raiva?”
~ Shantideva em O caminho do bodisatva, p.121.
Lembramos dos nossos parentes, amigos e das pessoas próximas e queridas, elas também passam por situações assim. Na visão dos ensinamentos, a paciência é uma virtude que já possuímos. Quando as estruturas cármicas de fixação e sofrimento às bolhas surgem, nós nos perdemos dessa inteligência.
Ler sobre a paciência é pedir para sofrer.
Arrastados pela negatividade, ao sermos desprezados, caluniados, ou injuriados nas situações, como podemos transformá-las em trampolins de mudanças internas e efetivas? Em nossas práticas diárias, nós desconfiamos das vezes que uma dimensão cármica que não estávamos acostumados a ver, aflora. Agradecemos!
Quando tudo estava andando bem, estávamos ocupados demais para olhar mais de perto… Chagdud Tulku Rinpoche costumava dizer que as dificuldades são protetoras do Darma. Nesse sentido, as situações adversas são lembretes diretos para avançarmos no caminho.
Se apenas absorvermos as palavras sem a digestão delas, estamos criando um céu e inferno para nós mesmos. Há um momento, que entendemos a necessidade de sentar e praticar, pois explicar sobre ter paciência não nos impede de perdê-la.
O que os mestres dizem sobre a paciência?
Quando sentamos, vemos os quatro obstáculos, impedimentos sutis que tapam nossos olhos contra a paciência. De modo a ultrapassar essas limitações, olhamos para eles com mais cautela e precisão. Pema Chodron comenta com detalhes cada item e nós, falamos disso também no podcast de hoje. São eles: (1) Buscar a felicidade a partir de esperança e medo, (2) a sensação de se sentir sem rumo, perdido, (3) Apego e aversão as emoções e (4) o medo do viver e do morrer.
Ainda sobre como lidar com as situações com paciência, no podcast, conversamos sobre o texto de apoio de Patrul Rinpoche, “O Radioso Sol Brilhante”. Ele descreve 3 maneiras de tomarmos as dificuldades como avanço e aprendizado no caminho.
Ouça agora o podcast “3 Maneiras quase desconhecidas para lidar com a falta de paciência”
Referências
(OBS: Ao adquirir quaisquer livros a partir dos links abaixo você ajuda o site! Obrigado)
- Os portões da prática budista →
- Quanto tudo se desfaz →
- O caminho do bodisatva →
- O Radioso Sol Brilhante →