Como e por onde começar no budismo?

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Afinal, como começar no budismo? Ele, o budismo é uma religião?

É uma filosofia? É uma psicologia?

É um estilo de vida?

Qualquer pessoa pode praticar budismo?

Dá mesmo para classificar o budismo?

O Budismo é um conjunto de ensinamentos e práticas que nos conduzem ao desenvolvimento do mundo interno. No sentido mais amplo, é capaz de apontar a compaixão e a sabedoria sobre a verdadeira natureza da realidade, ou seja, quem somos.

A meditação é uma de suas principais ferramentas e também a conhecida até para começar.

A ideia central do budismo é perceber qual o tamanho do nosso mundo interno. Assim temos a opção de cultivar as qualidades do coração como: consciência de amor, bondade e sabedoria. Em vez de seguir de modo reativo as emoções perturbadoras, os padrões neuróticos e os hábitos nocivos. Notamos também a abertura, clareza e compaixão natural em nosso ser, um movimento natural.

Os alicerces do budismo

Existem várias portas de entrada no budismo e todas elas culminam em um caminho ou treinamento da mente que nos conduzem à iluminação, o estado búdico (desperto).

Como uma experiência, o budismo foi desenvolvido por Sidarta Gautama, na Índia e experimentada ao longo de 2.600 anos, geração após geração por professores e alunos até os dias atuais.

O budismo nos proporciona ferramentas e métodos para olharmos com profundidade o sofrimento como uma experiência. Entendermos suas causas e origem, e assim mudarmos a maneira como lidamos com as dificuldades e a realidade, isso para qualquer um que assim desejar.

Os princípios básicos do ensino budista

Os princípios básicos do ensino budista são diretos e práticos: evite causar sofrimento para você e os outros, traga benefícios verdadeiros e dirija sua própria mente. O núcleo dos ensinamentos budistas está sistematizado nos ensinamentos conhecidos como As 4 Nobres Verdades e o Caminho de 8 Passos.

Qual o melhor rótulo para o budismo?

Como o budismo não é teísta, algumas pessoas não o enquadram como uma religião, no sentido convencional. Porém, é possível praticá-lo como uma religião, mas não foi bem isso que o Buda ensinou.

A palavra “Buda” significa aquele que despertou do sono da ignorância, aquele que se iluminou.

O budismo se dirige para todo mundo, independentemente de raça, nacionalidade, sexualidade ou gênero.

Com os ensinamentos e métodos, exploramos o modo como pensamos, sentimos, vivemos e agimos. Assim, somos convidados a fazer uma investigação mais profunda sobre quem verdadeiramente somos.

Desse modo, vamos transformar nossos problemas, para nos tornarmos plenamente responsáveis por nossas vidas.

Independente do rótulo atribuído, o budismo oferece meios que nos permitem aumentar nossas chances de felicidade e reduzir o sofrimento.


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Qual o principal objetivo do budismo?

Quando o Sidarta Gautama iniciou sua busca no caminho, ele deixou para trás a sua vida de regalias como futuro rei, para encontrar respostas para perguntas que lhe tiravam o sono. Nós estamos aqui apenas para nascer, crescer, reproduzir e morrer?

Depois de seis anos experimentando diferentes formas de práticas ascéticas e meditativas, ele abandonou suas austeridades. Então, ele se deu conta de uma mente que está além de todos os sistemas de crenças, um estado de consciência clara e felicidade suprema.

Junto com essa descoberta, veio o discernimento de como levar uma vida significativa e compassiva. Durante 45 anos, o Buda ensinou como trabalhar com a mente: como olhar para dentro, se libertar do engano mental, além do exagero e do medo. Desse modo, foi capaz de realizar e compartilhar o grande potencial de compaixão e sabedoria que está ao nosso alcance.

Buda não era um deus; era um ser humano. Ele nem era budista.

Você não precisa crer no Buda. A principal contribuição do Buda são os ensinamentos e os métodos, que nos mostram como trabalhar com nossas mentes para descobrirmos quem e o que somos.

Afinal, como e por onde começar no budismo?

Ceticismo.

Ouvimos a verdade dos ensinamentos e os colocamos à prova, na prática, meditação e nas nossas vidas.

Dessa forma, aprendemos a reconhecer e lidar com nossas experiências cotidianas, nossos pensamentos e emoções.

Descobrimos hábitos imprecisos, e de certa forma, inúteis e começamos a ter lucidez sobre eles.

Por fim, somos capazes de superar a confusão que torna tão difícil estabilizar a consciência compassiva e lúcida da mente.

Mundo interno, relações possíveis

Nossas decisões e ações refletem o conhecimento que temos ao nosso alcance, até o momento. Somos desafiados todos os dias a escolher uma ação ou outra — temos bondade, indiferença, generosidade, agressividade, paciência ou culpa.

Sidarta estava buscando a verdade. Ele buscava um caminho para liberação do sofrimento, suas causas e origem. Buda significa desperto e assim, se olharmos com cuidado, ele despertou para a natureza da vida quando deixou de lado os extremos da corda bamba da realidade: isso é ou isso não é.

Para começar no budismo, temos então essa questão da felicidade.

Em busca da felicidade

Como somos seres humanos, somos iguais. Deveríamos lembrar disso como uma amorosidade mesmo. Vivenciamos pensamentos diversos e emoções, algumas ajudam e outras atrapalham.

Em nossa natureza humana, buscamos aquilo que é felicidade, aquilo que acreditamos ser bom para nós e evitamos o que seja prejudicial. Nessa linha de raciocínio, entendemos que precisamos desenvolver elementos positivos e qualidades em nossa mente e assim, é natural que os pontos negativos diminuam. Assim, é crucial olhar para o nosso mundo interno.

Em busca da felicidade e do desejo de superar o sofrimento, temos a nossa inteligência cética e aguda. Aprendemos com os erros passados e temos possibilidades de um futuro melhor a partir de um discernimento sobre como estamos lidando com as situações hoje.

Com essa inteligência aguçada, aliada a um coração sem limites, aberto e terno, a nossa mente se torna mais ampla e consegue acolher os problemas e percalços que se apresentarem.

Uma mente sem eixo, é uma mente infeliz, pois está distante do coração, está ruminando sobre como as coisas deveriam funcionar e portanto, não vê a vida com naturalidade e compaixão.

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Segundo o budismo, temos todas as ferramentas ao nosso alcance para desarmar nossas agressividades. Desse modo, teremos como construir relações mais positivas sejam elas familiar, social, profissional ou política.

Boa parte dos ensinamentos está relacionado a como expor, reconhecer e lidar com a natureza das aflições mentais e a necessidade de ir além do engano e a confusão quanto a elas.

Nesse sentido, para se começar no budismo precisamos ter um interesse verdadeiro de transformação e ceticismo para internalizar os ensinamentos de modo que sejam praticáveis em nossas vidas.

Para finalizar, deixo a citação de S.S. O Dalai Lama:

“Se você estudar os ensinamentos de Buda, poderá descobrir que alguns deles estão em harmonia com suas visões sobre os valores sociais, ciência e consumismo e alguns deles não.

Está bem.

Continue investigando e refletindo sobre o que você descobriu. Desta forma, qualquer conclusão que você chegar será baseada na razão, e não simplesmente na tradição, pressão de um grupo ou fé cega.”

E para você, o que é budismo?

Assista agora “Como e por onde começar no budismo?”

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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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