Não romantize a meditação

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Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Na boa, meditar é difícil. No início, é monótono e diante do tédio, não estamos acionando botões e fazendo coisas. O que há de especial nisso?

Se você me perguntar o verdadeiro motivo para sentar e meditar, eu vou responder que não é sobre ficar parado. Ainda assim, precisamos de uma etapa e estabilização e tranquilização da mente de modo que ela se torne nossa aliada no caminho.

Existem muitos recortes em circulação sobre a arte de meditar. Se você não estiver desesperado em busca de uma solução mágica para sua vida, verá claramente o que falo.

“Tudo se resolve com atenção plena” ou “viva no presente…”

Na vida real, não é assim.

A meditação e a indisciplina

Quando comecei, em janeiro de 2011, eu meditava sozinho. Sem muito avanço, claro. Depois, fui a uma palestra de meditação com o Lama Padma Samten e aprendi as técnicas básicas, porém preciosas, sobre a meditação.

Lembro que no começo, após umas sessões de prática, eu me decepcionei… Era entediante meditar. Nada acontecia e os pensamentos ainda surgiam com mais intensidade que antes.

Eu comecei a meditar com uma visão parcial sobre o potencial da prática.

Eu achava que era só sentar e ficar parado. “Os pensamentos surgem e depois eles cessam.” Na minha ignorância, eu achava que era só repetir isso várias vezes e ter um pouco mais de disciplina.

Frustração certa. A disciplina era insuficiente.

Parecia que havia uma luta entre a meditação e o mundo real. Você consegue algum nível de estabilidade na meditação com a disciplina, enquanto está sentado. E depois? E quando está no trânsito ou atrasado para uma reunião?

Cadê a meditação nessa hora?

Quem está iniciando possui uma visão romântica sobre a meditação, mas só quem vivencia a prática começa a entender melhor o que se passa dentro, além das ideias e recortes pessoais sobre o tema.

Essa conversa não é pra te deixar pra baixo, caso você esteja meditando ou pretenda começar.

É pra lembrar que é preciso ter uma curiosidade aberta sobre o tema e não romantizar o processo do caminho da meditação.

Você terá avanços sim se começar a meditação. Porém, haverá dias em que apenas se lembrar dela já será de grande avanço.

Por favor, pare de ficar se comparando e criando metas surreais para si também.

Não romantize a meditação. Somos humanos.

Quando surgirem dúvidas a respeito, peça ajuda pra alguém mais antigo.
De preferência, que esta pessoa seja acompanhada por um professor reconhecido por uma linhagem.

Não tenha medo de sentir vulnerável na meditação. Ela não foi feita para sermos bons jogadores no jogo das emoções perturbadoras. A meditação foi feita para nos tornar despertos do nosso potencial inato de compaixão e sabedoria.


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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

2 comentários em “Não romantize a meditação

  1. Tirza Responder

    Gracias pelo texto construído de modo simples, direto, honesto, sincero, realista, despojado! Sentindo-coemergindo generosidade, abertura, entrega, confiança, doação…

    • Roberto Sampaio Autor do postResponder

      Obrigado pela confiança e partilha no caminho.

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