A prática de shamata com foco nos 5 elementos é a chave para emancipação das flutuações em samsara. Já parou para pensar o quanto perdemos de tempo, tensos, aflitos, complexos e perdidos justificando histórias sobre as identidades?
Por vezes, era para ser apenas uma conversa, com uma ou duas vírgulas e um ponto final. E, aquilo vira um enredo longo, com muito material para um seriado de TV!
A energia é uma inteligência fundamental da nossa natureza búdica e, por isso, independe de cultura, religião, sexo, raça e gênero. É quase um serviço de utilidade pública entender o processo de autonomia de energia diante do nosso estreitamento de visão sobre a realidade das coisas.
Por uma ação compassiva dos Budas, os 5 elementos são vistos como – terra, água, fogo, ar e éter. Há também o elemento espaço que abarca, acolhe a todos os outros. A energia primordial e condicionada não são duas coisas.
Do ponto de vista da liberação, nós modulamos os 5 elementos em um resultado pontual, dentro das bolhas e passamos a tentar controlar e estabilizar os elementos de forma que nossas experiências continuem a brilhar como se fossem independentes de nós mesmos. Isso é o que chamamos de viver – correr atrás de bolhas de sabão.
A energia é a linguagem das coisas
Quando nos esquecemos da base primordial, separamos objeto e observador nos movendo como se a própria criação dessa mente em potencial fosse agora o nosso refúgio. Uma vez que esse movimento seja satisfatório, criamos apego. Do contrário, criamos aversão.
A seguir, sustentamos esse brilho interno a partir de coisas, situações e objetos externos por um tempo. Uma vez que a impermanência se interponha as nossas vontades, nós transmigramos. Assim, nos perdemos cada vez mais da energia autônoma e depositamos nossa segurança na energia em sua forma condicionada e restrita.
É muito comovente buscar experiências externas a todo tempo. Pois, é como se estivéssemos investindo em um empreendimento inviável – sustentar, acionar e defender uma identidade é a maior decepção que nos presenteamos o tempo todo.
Basicamente, nós vamos desenvolver a ação de poder diante das aparências sejam elas quais forem – agradáveis ou desagradáveis.
Em “Vantagens de usar a energia como foco de shamatha“, Lama Padma Samten enfatiza:
Acho que a meditação sobre a energia é especialmente vantajosa, porque a energia não pode ser vista por olhos, ouvidos, nariz, língua, tato e mente. A energia tem uma origem primordial, não causal.
Ela pode ter uma manifestação causal, quando nós olhamos para os objetos a energia sobe e desce. Mas quando nós estamos, por exemplo, sentados em meditação estabilizando a energia, a gente não vai dizer que a energia está brilhando porque a meditação é excitante.
Nós temos uma super conexão cármica com a meditação, a gente senta e nós brilhamos de energia só porque sentou. Para a maior parte das pessoas, 10 minutos depois, começa um afundamento energético. Por quê? Porque não tendo nenhum objeto na frente, nós não conseguimos fazer a energia surgir.
Nós só conhecemos a energia condicionada.
Prática de shamata com foco nos 5 elementos
Cada elemento possui uma qualidade fundamental e de certa forma, nos é familiar. Esse é objetivo proposto nessa meditação: experimentar cada aspecto dos elementos e perceber essa autonomia como uma presença, uma experiência viva. Por exemplo, o elemento terra, é associado a firmeza, estabilidade e imobilidade.
Ou seja, nós sentamos em meditação e precisamos sentir o corpo estável e de modo relaxado, reconhecemos vez após vez essa qualidade de presença aberta. Reconhecemos uma firmeza que vem de dentro, sem precisarmos de algo externo para equilibrar e então, obter um resultado favorável e desfavorável em seguida. Oscilar junto… Temos essa mente aberta e presente.
Você pode praticar a meditação dos 5 elementos com o vídeo abaixo.
Saiba mais
Imagem de Markus Messmann por Pixabay
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