Shadayatana | 5° elo – A mente e as janelas da percepção

shadayatana.
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Shadayatana é a experimentação do mundo interno espelhado no externo a partir dos sentidos físicos, as 6 janelas: olhos, ouvidos, nariz, língua, contato do corpo junto a mente abstrata.

No 4°elo, aspiramos a materialidade com a inteligência de nama-rupa, nome e forma. A mente agora ancora numa direção e segue em busca da forma específica.

A mente é representada por um macaquinho inquieto e agora, ele está preso em uma casa com janelas. O macaquinho agora ganhou um sentido propriamente, ele tem um propósito, desmaia e acorda numa casa completamente escura. Cada janela nessa casa representa um dos sentidos físicos e a experiência de realidade.

Quando ascendemos a luz, temos a sensação de estar “aqui” e o ambiente , surge como se estivesse “lá” (o físico), já pronto e independente da mente.

Assim, nem suspeitamos que há a interferência da paisagem e a mente naquele instante, na experiência em questão.


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Por exemplo, experimente convidar uma arquiteta, uma engenheira e uma administradora para descrever o ambiente chamado de banheiro. Cada uma dessas pessoas apresentará uma descrição diferente. Logo, não são os tijolos, nem a privada, tão pouco o box com chuveiro que estão ali, prontos, esperando para serem usados como tal.

Quando lemos um “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, ouvimos uma música do Pink Floyd, ou sentimos um cheiro de perfume, observe a nossa tendência em congelar a realidade ao nosso redor a partir desse instante.

Nada mais importa além do que surgiu na mente e a tensão do sentidos físico em questão.

Shadayatana na prática

Ancorados aos sentidos físicos, o 5°elo, temos a sensação de experimentarmos um ambiente ao redor externo ao observador e a mente que sustenta essa experiência.

Tudo aquilo que pode ser apreendido e mensurável pelos sentidos físicos, aparenta ser o mundo como o mundo, sólido e imutável. Materializamos o aspecto sutil dos objetos mentais, a energia, em algo concreto.

Na novela “mulheres de areia”, havia um escultor que criava esculturas de na beira da praia. Não tem mulheres ali intrinsecamente, apenas areia sustentada pela forma que surgiu na mente.

Em Asivisa Sutta, o Buda Shakiamuni compara as bases dos sentidos internos a uma “aldeia vazia” e as bases dos sentidos externos a “bandidos saqueadores de aldeias”.

Usando esta metáfora, o Buda caracteriza os órgãos dos sentidos “vazios” como “atacados por objetos dos sentidos agradáveis e desagradáveis”. Dessa forma, temos:

  • O olho e objetos visíveis
  • O ouvido e som
  • O nariz e odor
  • A língua e o gosto
  • O corpo e o toque
  • A mente e objetos mentais

Com a separatividade (1° elo), damos ao objeto sutil o poder de dirigir a nossa energia dentro do horizonte da bolha — onde as coisas acontecem de fato. Precisamos contemplar vez após vez a inseparatividade da mente e a realidade ao nosso redor. Sem isso, caímos em ambiguidade e, por isso, entendemos que o mundo externo é.

Exemplos de como nos enganamos com os sentidos físicos

  • A sensação de ser alguém começa a se tornar concreta, pois deludidos, validamos a existência das coisas a partir dos sentidos físicos.
  • A mente ancorada ao 5° elo delimita o que é compatível ou não com ambiente interno/externo. É como comprar o apartamento na planta: não tem nem tijolos ali, usar óculos de realidade aumentada ou fazer um pedido no delivery e ainda com o app aberto, começar a salivar.
  • Shadyatana é tipo uma sala de controle e a mente puxa a alavanca dos sentidos físicos.
  • A mente associada aos sentidos físicos, se sustenta por tensão. Portanto, temos uma distorção quanto ao significado das aparências
  • O ato de ouvir, é uma construção que surge pela luminosidade da mente.
  • A linguagem escrita, as palavras, são um conjunto de caracteres, elas não têm um significado nelas mesmas.
  • A gente olha papel, tinta e vê mundos ali dentro: Agatha Christie, Nárnia, Guerra dos tronos, O senhor dos anéis, Machado de Assis com Dom Casmurro.
  • Quando falta energia, a pessoa diz: “onde que tá a vela? E o isqueiro?”
  • Devido a ignorância, sempre tem uma tensão, isso é a mente da origem dependente segurando ou repelindo o objeto mental em questão.
  • A essência do que eu estou vendo, ouvindo, cheirando e assim por diante, não vem no contato com as coisas.

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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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