Videoaula #4 | Descobrindo as Quatro Nobres Verdades

Tempo estimado de leitura: 4 minutos

A quinta etapa do caminho de oito passos simboliza o amadurecimento da visão, ou seja, como bodisatvas andando no mundo, como podemos trazer benefícios verdadeiros aos seres?

Onde estamos?

p.20 e 21 do texto “As quatro nobres verdades e o caminho óctuplo”. 

O texto completo está disponível aqui →

Darma da vez | páginas: 20 e 21.

Eventualmente, se simplesmente nos colocarmos de forma positiva na quinta etapa, as etapas anteriores, ou seja, os impulsos das ações negativas cessam. Mas ainda assim é bom fazermos o diagnóstico. Porque mesmo que trabalhemos apenas na quinta etapa, onde saímos do foco autocentrado e nos colocamos num foco amplo onde as energias autocentradas não podem brotar, ainda assim, eventualmente podemos ser cobrados a nos manifestar de uma forma pessoal, e aí se não houver estabilidade, podem surgir complicações. Por isso a importância desse diagnóstico. Por exemplo, alguém na empresa chama “Maria Helena, por favor, compareça ao departamento pessoal”.

Então a pessoa chega lá com o foco amplo, mas ela está sendo chamada a partir do foco pessoal. Então ela vai pensar “eu vou lá com orgulho, com inveja, com desejo e apego, com ignorância e desinteresse, com aflição por carência, com raiva ou medo? Com qual emoção eu vou lá?”. Essas são emoções pessoais. Então se o coração da pessoa estiver pulando, ela olha “isso é medo, eu estou construindo isso, não é necessário, a minha natureza é ilimitada, isso pode acontecer apenas com essa identidade, e eu estou amparado pela dimensão ampla. Eu posso trazer benefícios aos seres? Posso. Se eles acham que eu sou uma boa funcionária, ótimo, se não for, eu mudo. Eu não tenho nenhum problema. Eles vão me dizer coisas desagradáveis, e essas coisas desagradáveis eu vou olhar de forma muito lúcida. Eu não vou olhar nem com orgulho, nem com inveja, nem com desejo e apego, não vou olhar com nenhum delas, eu vou olhar lucidamente. Vou aprender com elas, e o que tiver que acontecer vai acontecer. Mas eu estou completamente disponível para trazer benefícios aos seres, eu sei como fazer isso, na minha limitação eu tenho problemas, mas eu sei como fazer, por tanto, eu estou garantida, eu não preciso ter medo”.

E assim, haja o tremor que houver, de novo refazemos o nosso voto, repousamos estáveis. Por quê? Porque já temos uma experiência com as emoções perturbadoras, sabemos que não é a outra pessoa que é horrível, é o nosso medo que faz a outra pessoa ser horrível. Não é a outra pessoa que é arrogante, é que temos orgulho, não queremos nos submeter a uma situação onde o outro está nos avaliando. Se ultrapassarmos as seis emoções perturbadoras naquele momento onde a identidade está sendo colocada em cheque, é muito melhor. Aí temos a possibilidade de nos movimentar também com a identidade, porque a nossa motivação está além da identidade. Mas no mundo convencional, as pessoas vão olhar para nós como identidades e eventualmente vamos usar a linguagem da identidade. Então, quando usarmos a linguagem da identidade temos que estar limpos, caso contrário, o problema é certo. Essa é a razão pela qual precisamos purificar esse âmbito. A origem das dificuldades ligadas à identidade está nas seis emoções perturbadoras que, por sua vez, estão descritas nos seis reinos da Roda da Vida.

Esses roteiros são exemplos de como podemos praticar o pensar, contemplar e repousar, de como surgem os ensinamentos e de como surge o processo de lucidez. Eu falo isso com esse duplo propósito, vamos dizer, com o coração aquecido por esse duplo propósito. Primeiro porque através desse processo podemos utilizar um método discursivo, lúcido, de utilizar a nossa própria mente e assim trabalhar com as emoções, localizando e superando as dificuldades. Mas não só isso, eu sei que vários de vocês são bons professores ou estão prestes a serem bons professores, vocês tem a motivação de dar ensinamentos também. Assim vocês podem facilmente transformar essa estrutura toda em muitos ensinamentos.

E como é esse processo? Em primeiro lugar, deve estar bem claro na própria mente, o ensinamento que será abordado. Em segundo lugar, contemplar, ou seja, tomamos exemplos da nossa própria vida, e também exemplos que estão acontecendo com os outros, é possível adivinharmos o que está acontecendo com os outros a esse âmbito, e aí falamos. E o que significa esse falar? Ele significa ajudar o outro a também contemplar a sua vida. Então enquanto estamos falando, o outro está contemplando, e alguma coisa vai acontecendo. Então às vezes temos a sensação de que as palavras se dirigem a nós pessoalmente. Por quê? Porque estamos contemplando e ficamos armadilhados por aquela nossa própria contemplação, ficamos desnudos, desnudos para nós mesmos e isso nos transforma. E junto com isso temos o repousar. De tanto em tanto podemos repousar, porque a pratica de repousar é uma prática importante. É essencial que pratiquemos isso conosco,

senão não conseguiremos ajudar o outro a praticar. É completamente natural que ao começarmos a girar isso em nossas vidas, esse processo vai se tornar muito poderoso, ele vai se tornar um processo autônomo.

Nesse processo, vamos marcando aquele quadro todo, vamos trabalhando quadradinho por quadradinho, vamos fazendo uma varredura. Quando passarmos por essa varredura, vai surgir confiança, porque vamos estar cientes de todos os nossos obstáculos, e o mais importante, cientes de que estamos trabalhando sobre aquilo. Tudo se torna mais nítido, temos clareza de como as dificuldades estão sendo resolvidas, elas podem estar claras no nível da mente, mas não no nível de fala, nem no nível de corpo, mas no nível de mente está resolvido, vamos percebendo tudo isso. E aí, nos vários eventos da vida localizamos naturalmente esses pontos e podemos trabalhá-los. E podemos ir praticando tanto na vida como na sala de meditação e isso vai se tornando um processo acelerado de transformação, é inevitável.

Acesse o vídeo do estudo 

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https://www.youtube.com/watch?v=M4RSyTpsG_E [/embedyt]

Seguimos! 

Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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