Se quisermos atingir relaxamento físico e mental na meditação, se esse é o foco inicial para meditar, temos a prática de shavasana, a postura do cadáver que é simples, direta e funcional. Existem vários vídeos no YouTube para auxiliar nisso. Comece sem muita expectativa, com 5 ou 10 minutos diários. Apenas permita-se tocar o chão, inspirar e expirar, perceber as tensões já existentes e também se permitir dar espaço.
Com o tempo e a maturação da prática, nós passamos a ver os aspectos da meditação e seu alcance em corpo, fala/energia e mente. Daí, essa busca por relaxamento físico e mental será refinada e passará a ser um exame sincero por uma compreensão do mundo interno, da vida contemplativa e o dia-a-dia.
Usamos da atenção desperta surgida em shavasana, de simplesmente não se identificar com a mente conceitual e observar a respiração, soltar a reificação com as ideias, emoções, pensamentos. Relaxar aqui significa soltar a teimosia mental, como explica a Lama Elizabeth Mattis Namgyel.
Agora, temos relaxamento e atenção ao que acontece ao corpo, as sensações, aos pensamentos, estamos relaxados e… Ufa! Podemos nos ancorar melhor na meditação sentada, a meditação formal como conhecemos.
Uma sugestão é seguir com shavasana e alternar as sessões de prática com relaxamento e a postura de 7 pontos.
Recalcular a motivação
Não adianta passar 23h do dia de modo auto-referente e compulsivo, tenso, ansioso e achar que tudo será resolvido em 20 minutos de meditação.
O melhor mesmo é rever a rotina e estabelecer sua prioridade na vida. Em geral, o nosso problema não é falta de instrução, e sim uma orientação direcionada sobre como olhar para dentro, com lucidez. O excesso de informação sem um direcionamento apenas atrapalha também.
É necessário ter uma atitude diante do impulsos contraditórias que surgem em nós e de modo honesto, se perguntar: onde meus anseios, desejos e apegos têm me levado? Que tipo de felicidade eu procuro? Qual resultado tenho colhido com as minhas buscas e certezas na vida?
Em seguida, revemos a nossa rotina e a prioridade da nossa vida. Uma prioridade seria entender como a nossa mente funciona e se engana diante da realidade tal como ela é. Afinal, tudo que fizemos, fazemos e faremos depende do que cultivamos em nossas mentes.
O budismo apresenta ferramentas que nos permitem olhar para dentro e atingir a liberação dos padrões robóticos que insistimos em nos descrever. Com a vida contemplativa, descobrirmos qualidades inatas de compaixão, amor, alegria, generosidade e sabedoria. Assim, mesmo nas situações adversas, podemos manifestar e irradiar essas inteligências lúcidas.
Desse modo, nos permitimos viver com mais dignidade e interesse genuíno pelas pessoas e pela vida.