Se somos praticantes espirituais, sentimos desapreço pelas situações samsáricas; não estamos sérios ou profundamente interessados por essas situações. Isso não significa que sentimos nojo ou rejeitamos tudo. Em nossa vida, tudo é relativo. Em nossa vida, nem tudo é como deveria ser, no entanto, continuamos a viver. Aceitamos e integramos as várias circunstâncias da vida. Isso faz parte da nossa consciência. Aceitar tudo com consciência é diferente de estar completamente apegado.
Algumas pessoas têm um gosto exagerado por isso ou aquilo: isso é apego. No entanto, isso não significa que se você é um bom praticante, que não pode ter gostos. Você pode gostar e desfrutar com consciência. Na condição samsárica, possuímos cinco ou seis sentidos e, com os sentidos, desfrutamos do contato com objetos.
Quando vemos um objeto, uma flor, por exemplo, podemos gostar. Observamos sua beleza e cheiramos sua fragrância. Gostamos de olhar e cheirar.
Desfrutar com consciência significa conhecer a natureza real do objeto e não se apegar a ele. Dessa forma, desfrutamos sem ter consequências negativas. Se não temos consciência, nos distraímos com o nosso gosto pela flor; queremos possuir a flor e tentar tê-la. Assim, o apego aumenta, liberando todas as outras emoções, com o karma negativo que se segue.
Em resumo, se alguém está ciente e não distraído, o prazer dos sentidos não apresenta nenhum problema. Se alguém está distraído, o prazer sempre traz consequências negativas, mesmo que as coisas pareçam alegres e gratificantes. Por esse motivo, o ensino diz que tudo é ilusão. Quando vemos um objeto bonito e nos apegamos, parecemos uma mariposa que, atraída por uma chama à noite, voa para dentro dela, queima e morre.
~ Namkhai Norbu Rinpoche do livro “Conselho do coração de Longchenpa”.
ISBN: 978-8878341029
Pingback: #7 |Você consegue controlar a morte? | Roda do Darma
Pingback: Como lidar com a preguiça e o torpor? | Roda do Darma