Samskara significa…
Quando começamos a praticar, tudo parece etéreo, abstrato. Mas, estamos falando da nossa mente. Lembremos disso. Não é algo comum, no nosso cotidiano falar sobre o que se passa dentro de nós. Faltam palavras e precisão para isso.
Samskara
No estudo da Roda da vida, da sabedoria da origem dependente, o segundo elo – é perceptível com dedicação, paciência, calma e aprofundamento. Ao mesmo tempo, é algo muito íntimo e funcional. É a vida pulsante atrás dos nossos olhos, digamos assim. Precisamos de meditação e Prajnaraparamita para mergulhar nisso.
Samskara é o 2°elo da roda da vida. Não é o 2° elo de alguém. A noção de ser “alguém” surge na conexão seguinte. A sensação da experiência de “eu” se instala com o 3° elo, Vijnana. Precisamos meditar, de fato, para experimentar essa realidade como uma experiência palpável.
Nesse estudo, nos referimos ao segundo elo como Alaya-vijnana. Quando estivermos usando o foco da mente no segundo elo como algo “pessoal”, vamos nos referir a isso como samskara.
Alaya-vijnana é a combinação de “alaya” que significa “depósito” e “Vijnana” é traduzida como consciência dual. Consciência aqui é a mente conceitual. Em geral, os mestres usam o exemplo da “mente de macaquinho” para exemplificar esse elo. “Macaquinho” no sentido de inquietação, os pensamentos vorazes e aflições a flor da pele.
As paredes invisíveis de samskara
Prajnaparamita, a origem dependente, a interdependência: é serviço de utilidade pública. Precisamos entender como alaya-vijnana atua. Grande parte dos seres, nem dúvida que está se movimentando a partir disso.
O 1° elo da Roda da vida é representado por um cego e um cajado.
Ele está inquieto e em busca de algo. Quando ele bate o cajado no chão, a mente se divide em sujeito e objeto. Temos a separatividade e na sequência, temos o segundo elo.
Samskaras, as estruturas de hábito, surgem da luminosidade, da criatividade dinâmica dessa mente ampla. São inteligências possíveis. Alaya é como se fosse um grande depósito com várias prateleiras e várias inteligências possíveis.
Alaya-vijnana é uma mente muito mais ampla do que a nossa percepção usual, surgida a partir de olhos, ouvidos, nariz, língua e tato.
Samskaras são descritas também como energias de hábito. São condicionamentos que vêm a partir do movimento e desequilíbrio, condicionado a uma prisão chamada avidya.
Não mudamos os condicionamentos e padrões a partir de um pensamento, um raciocínio lógico. Cremos ingenuamente que estamos mudando… e daqui a pouco a energia toma a direção do nosso movimento.
Girar em círculos: o tiro de largada é a fixação samskara
Que tragédia! Um ser senciente vai se descrever a partir das “nuvens mentais” que estiverem ao seu alcance. Enquanto que um Buda, se vê a partir do céu da mente.
Como bodisatvas, olhamos as marcas mentais como ondas no oceano. A onda, quando muito exaltada, esquece onde ela desagua. Ela sofre por isso. A preocupação de um bodisatva não é bem se a pessoa vai para frente, vai para trás…
A indignação de um bodisatva é que a pessoa se reforce o tempo todo a partir dessas energias de hábito. Ele tem visão. Uma pessoa é igual a Prajnaparamita mais a energia de hábito que serão purificadas ao longo do caminho.
A pessoa tem como sua descrição mais profunda a Prajnaparamita. Só que ela mesma não se vê assim. Então, na hora da aflição mental, o sofrimento pervasivo. A pessoa está sonolenta do processo e encadeamento dos 12 elos.
Um refinamento necessário
Nós estamos gerando as estruturas para ver a liberdade. O que seria isso na nossa linguagem? Estamos gerando méritos para avançar. Usamos o poder da mente para reconhecer essa possibilidade de transformação dentro de nós.
Essas estruturas e padrões, são construídas porém, devido a ignorância, elas ainda nos aprisionam. Com a prática, criamos distanciamento e prontidão, no sentido de olhar sem se fixar, e assim, a liberdade correspondente surge na ação.
Quando essas estruturas são criadas, a gente se perde da nossa natureza original.
Nós somos Budas e a vamos nos fantasiar de ser senciente. Usamos a mesma máscara (energia de hábito), usamos tanto aquilo, que ela esquece quem ela é antes disso. Ela precisa se ver atrás dos olhos físicos.
Toda nossa movimentação condicionada é a partir das sementes cármicas que na nossa linguagem, vamos chamar de carma primário.
Um(a) bodisatva olha para alguém e vê, ao mesmo tempo, a natureza livre do outro e se sensibiliza, pois, o condicionamento de energia de hábito se impõe diante da nossa vontade nas situações.
Um encontro com o silêncio vivo da mente.
Precisamos nos encontrar no coração e abertos. Não é o silêncio de alguém que se reprime. Tem lucidez a respeito, tem essa compreensão sobre a origem dependente — elo a elo. Desse modo, recuperamos a nossa condição natural de felicidade, compaixão e lucidez.
O que você descobrirá nesse episódio?
- Formas de estudar os 12 elos
- Prajnaparamita e Shamata
- A importância de Visão, Meditação e Ação
- A série o “Gâmbito da Rainha” como um experimento direto dos ensinamentos
- O lugar onde pensamos tal como o Buda
- O treinamento da mente, o alcance da lucidez e ir além do campo da ignorância e da dor
Ouça agora: Samskara – padrões, cicatrizes e hábitos como nuvens mentais