Upadana | 9° elo – Apego e as estratégias de fuga da realidade.

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Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Apego é Upadana, é o 9º elo da Roda da vida. É representado por uma pessoa colhendo frutos em uma árvore, cujo tronco está cortado e prestes a cair devido a impermanência. A pessoa simboliza um ser senciente com uma mente ancorada pelos sentidos físicos e obtendo os resultados desejados e evitando os indesejados dentro das bolhas.

De modo geral, a primeira opção que escolhemos sobre como viver a nossa vida vem de uma falta de clareza sobre nosso movimento, é apenas uma ação reativa, responsiva, por apego.

Apego como um mundo em expansão

Fixados a ignorância, avidya, temos estratégias sobre como a realidade deveria ser e repetimos nossas escolhas e isso sem levar em consideração a fixação aos elos anteriores – 1° ao 8° elos.  

No 9° elo, estamos muito tensos, estamos a cultivar um “super galo” – dos 3 venenos da mente, representa a aquisitividade – ou seja, é uma inquietação que nos impulsiona para estarmos sempre em movimento, estamos inflamando a realidade ao redor a partir dos nossos desejos e apegos.

Precisamos de modo irrevogável conseguir o que desejamos. Somos capazes de analisar e mensurar as configurações de realidade que almejamos e seguimos com a mente de originação dependente, e lucidez , acabamos por sofrer. 


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O nosso olho brilha em busca de mais resultados apegados

Roberto, você pode dar um exemplo? 

Lembro que havia um vendedor de cachorro-quente na faculdade. Ele começou com uma carroça pequena e apenas vendia o combo: cachorro-quente e um copo de Coca-Cola de 300ml. 

Ele viu que o negócio começou a andar e obteve os resultados desejados, os avaliou e depois de um tempo, a carroça virou uma lanchonete na mesma rua.

Esse seria um exemplo de upadana: ele tinha um desejo de fazer aquilo funcionar e daí, dentro de causas e condições, aquilo se estrutura e agora se torna nossa fonte de segurança, poder e controle. Não vemos mais a ação de avidya operando justo porque o nosso olho está filtrado poia brilha numa certa direção para estabilizar o apego.

Com apego, o nosso olho brilha em busca de mais colheitas, de ampliar, de como fazer “dar certo” dentro dos nossos pressupostos e nos descrevemos a partir disso.

Qual é a questão?

A tragédia é justo quando a pessoa obtém o que deseja, ela se reduz a um ser que tem habilidades de um certo jeito e não de outro, e consegue repetir resultados em uma certa configuração e fica refém disso.

Em seguida, ela irá descrever a si e ao mundo, como: “eu sei como as coisas funcionam pois tenho tais habilidades que funcionaram!”. É justo por termos apego ao nosso modo a um certo modo de ser e manobrar a realidade, a partir de habilidades e atividades, é que esquecemos de ver com profundidade a realidade.

Esquecemos de relaxar, de soltar, de fazer perguntas abertas sobre o que está acontecendo em nós, diante da realidade mais ampla da vida. 

O nosso horizonte agora se resume a eu quero ou não quero.

Desse modo, ignoramos a impermanência, o sofrimento e as consequências cármicas de nossas próprias ações. Como estamos com a mente ocupada em desejo e apego, não damos espaço para compaixão surgir como uma experiência viva em nós.

Ouça agora: Apego, o 9º elo da Roda da vida





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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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