4 formas de progredir no caminho da meditação

4-formas-de-progredir-no-caminho-da-meditacao
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Como saber se estamos avançando no caminho da meditação? Com muito burburinho em torno da meditação, estamos criando ilusões e nos isolando da realidade sobre o assunto.

Prezamos por uma meditação simples, prática e descomplicada e de acordo com os grandes mestres de sabedoria. Com tantas conversas sobre o assunto, como podemos acalmar a mente? Não lidamos bem com excessos, pois isso pode ser até mesmo contra intuitivo.

Para usufruir melhor da meditação e nos reconhecer além da confusão, do engano, da neurose e dos hábitos tendenciosos, precisamos compreender o trajeto da meditação e onde estamos indo de acordo com nossas capacidades e aspirações.

À medida que olhamos para nosso mundo interno e aprendemos com ele, podemos avançar na meditação, clarificando a mente e superando o engano habitual.

Deixo 4 sugestões sobre como podemos sentar e usar a técnica da meditação para avançar no caminho. Compartilho o essencial para que possamos seguir em frente nesse caminho da meditação.

Cada fase do processo tem um movimento natural da mente e sua forma de descrever o mundo ao seu redor. É importante entender que este é um processo orgânico, não é possível acelerá-lo ou forçá-lo. Para compreender todo o trajeto, devemos estar cientes do início, meio e fim, e assim, evitar fixar a nossa energia e atenção em uma única etapa.

As 4 formas de progredir no caminho da meditação que todo(a) meditante deveria saber são:

1) A partir do autocentramento

Nós queremos usar dos ensinamentos e das práticas meditativas para sermos alguém especial no samsara, se pudermos ter controle e poder sobre a meditação, melhor ainda. Não iremos muito longe aqui pois estamos ignorando a impermanência e a interdependência natural das coisas.

2) Interdependência das relações

Somos seres de relação, não há como escapar disso. Todas as qualidades do coração desperto, os ensinamentos descritos como bodicita, são sempre mais abrangentes que o autocentramento (ver 12 elos da Roda da vida).

Essas qualidades, como compaixão, amor, alegria, equanimidade, generosidade, moralidade, paciência, energia constante, concentração e sabedoria, são maiores que qualquer desejo para o eu, para si. Surge uma alegria natural ao servir ao próximo.

A meditação nos ajuda a acessar essas qualidades de modo que nossas relações conosco e com os outros melhoram pois entendemos melhor como a mente se engana nas emoções perturbadoras e também, como podemos agir com as quailidades do coração desperto.

3) As 5 sabedorias como ação transcendente

Com a meditação, percebemos a natural liberdade da mente. Temos qualidades de sabedoria como a mandala das 5 sabedorias e suas respectivas ações: acolher, sustentar, discernir, destruir e liberar.

Reconhecemos também que nossos problemas são trabalháveis e pertencem às identidades. Nós não podemos ser descritos apenas pelas identidades, temos um coração de sabedoria pulsando mesmo que estejamos com uma cara sofrida e cheia de lágrimas.

4) A luminosidade da mente

A união entre o céu e a terra. Quando sentamos para meditar, já contemplamos a Prajnaparamita em todas as direções. Sentamos e percebemos que somos inseparáveis de todos os seres, todos budas e os bodisatvas. Em sua essência mais profunda, nunca ouve separação, de fato.

Todas as aparências são manifestações mágicas dessa sabedoria silenciosa, a sabedoria primordial.

Não é necessário se isolar da realidade em que vivemos, é possível experimentar a meditação de forma mais profunda e transformadora, se soubermos o seu trajeto por completo, claro.

As 4 formas de progredir no caminho da meditação – autocentramento, interdependência das relações, as cinco sabedorias como ação transcendente e a luminosidade da mente – podem nos ajudar a aprimorar nossa prática e alcançar uma mente clara e livre do engano habitual.

Sempre que sentamos, paramos e nos perguntamos: qual a minha motivação para meditar?

Devemos sempre lembrar que a meditação é uma ferramenta para nos conhecermos melhor, e isso requer tempo, dedicação, estudo e orientação de um professor qualificado, que vem de uma linhagem autêntica de mestres até o momento atual.


Inscreva-se para receber os informativos gratuitos da Roda do Darma por e-mail .



Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *