4 maneiras de começar na Prajnaparamita

Prajnaparamita, por vezes, pode parecer um pouco obscura e nebulosa. Sabe aquela sensação de estar lendo algo e parecer que o texto está árido, ou que estamos com conjuntivite nos olhos?

Como essa inteligência búdica é uma outra forma de olhar para as coisas, precisamos de um tempo para nos adaptar.

A seguir veremos algumas formas de começarmos a abrir os olhos com esse colírio de lucidez. 

Qual a importância da Prajnaparamita?

Segundo Lama Padma Samten:

O Prajnaparamita pode ser entendido como o barco que nos leva para a outra margem. Atravessamos da margem da ignorância para a margem da liberação. Ou seja, ele representa um trajeto. Não é a descrição do que poderíamos fazer a partir da outra margem, e sim a descrição do caminho que nos leva de uma margem a outra. Vai utilizar o que se chama de “dupla realidade”.

Como começar na Prajnaparamita?

Há várias formas de se iniciar os estudos sobre Prajnaparamita. Listo algumas aqui:

1) Através de livros dos grandes mestres

• A essência do Sutra do Coração →
• O Sutra do Coração: Um guia abrangente para o clássico do budismo mahayana →
• A roda da vida como caminho para lucidez→
• A lógica da fé →
• O poder de uma pergunta aberta →
• O sol da sabedoria →

2) Com os Pujas

• Se temos uma inclinação natural para mantras, podemos começar pelo contato com os pujas, recitando o Sutra do Coração, um dos mais importantes textos do budismo mahayana.

3) Estudo linha a linha o Sutra do coração

Há um momento em que vamos olhar novamente para o texto do Sutra do Coração e teremos um “click” interno.

Cada linha do Sutra passa a nos inspirar a um olhar mais apreciativo e investigativo – no sentido de olhar com mais lucidez e profundidade para as coisas ao redor.

Então, vamos procurar entender linha a linha o que está sendo apresentado ali. Não apenas intelectualmente, mas com exemplos, como um exercício de se colocar no mesmo lugar sutil de onde todo o texto brota.

Prajnaparamita é o atalho para descortinarmos o samsara e vermos a mente búdica operando sem dúvidas e medos, em todas as direções.

Então, pode ser que brote em nós uma aspiração de querer ver todo o conteúdo como uma forma de ação da mente, da mesma forma que o venerável Sariputra, o personagem no Sutra, diz: “Como deveria proceder o filho ou a filha de nobres qualidades que quisesse praticar a profunda Prajnaparamita?”

Isso é uma boa coisa a ser feita.

4) Roteiro de meditação da Prajnaparamita em oito pontos

Nós começamos a perceber que o que está sendo apresentado ali é um roteiro de prática propriamente dito, e não apenas um texto complexo sobre a apresentação da realidade última, vacuidade, luminosidade, e assim por diante.

É algo que serve para além do aperitivo intelectual…

Somos convidados a contemplar a coemergência, ou seja, a inseparatividade do que quer que apareça como expressão de luminosidade e vacuidade, um exercício de liberdade dessa mente mais ampla: sabedoria primordial.

Prajnaparamita é o raio-x da mente lúcida olhando como a confusão nos arrasta para o engano, para fixação nas bolhas. É também o caminho de saída, sem precisarmos exagerar ou negar as coisas.

Sugestão de percurso

1. Lembrar a motivação correta quantas vezes for necessário;
2. Dar uma revisada no caminho de oito passos – é bom termos uma ideia do início, do meio e do fim do caminho: sabermos o trajeto como um todo;
3. Recitar o Sutra do Coração como um lembrete diário da prática; acumule também o mantra da Prajnaparamita como meio de aprimorar a visão;
4. Estudar linha a linha o Sutra do coração até que aquilo fique claro, como uma perspectiva de visão disponível;
5. Praticar o olho de Prajna com o roteiro de meditação em oito pontos;
6. E, por fim, lembrar a motivação correta quantas vezes for necessário.

• Autor

Autor

roberto@rodadorarma.com.br

Coordenador

Roberto Sampaio

Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.