Esse é um resumo de um estudo pessoal sobre o tema de shamata, com base no livro “Aquietando a mente”, de Dudjom Lingpa. Ele era considerado um “maestro” nos ensinamentos sobre a natureza da mente, um desmitificador sobre a visão de sabedoria abordada no Budadarma. Sua abordagem é afiada e muito esclarecedora!
“Quando a mente é quiescente – sem pensamentos turbulentos ou emoções surgindo – ela é relaxada, calma, luminosa e livre de esforço”
~ Dudjom Lingpa
As etapas do treinamento
- Pré-meditação | Base de visão – Olhar as aparências e investigar a realidade;
- Meditação – Acumular e se familiarizar com a visão;
- Pós-meditação | Conduta ou ação no mundo – Remoção de obstáculos, estabilidade em meio às adversidades.
Apresentação da meditação em três aspectos
- Secreto – abordagem que utiliza o aspecto primordial como foco;
- Sutil (interno) – abordagem que utiliza o aspecto das inteligências de sabedoria e seus recursos com uma possibilidade de ação da mente: cinco sabedorias, as quatro incomensuráveis e seis perfeições;
- Grosseiro (externo) – Abordagem que visa os pontos fundamentais para direcionar a nossa atenção para dentro, para o caminho internalizador – posicionamento do corpo, etc.;
Na abordagem aqui sugerida, vamos tomar a mente como caminho. Como Dudjom Lingpa sugere: “Observe a superfície da mente”.
Pergunta-chave: Como é possível observar tal funcionamento em meio ao tumulto interno? Resposta: shamata!
Considerações sobre a prática por Dudjom Lingpa
- Não devemos ser dogmáticos sobre assumir que todos deveriam ter a mesma prática que você;
- Estamos encontrando uma maneira apropriada de acumulação de méritos e remoção de obstáculos. Por exemplo: a prática das “Quatro incomensuráveis” e seis perfeições;
- Não devemos ser mecânicos, rígidos quanto ao processo – a transformação não é um objetivo ou um evento;
- Duas práticas possuem um grande poder de purificação:
- Bodicita;
- Realização da vacuidade e Prajnaparamita;
- Práticas complementares
- Tomar refúgio nas três jóias;
- Metabavana, tonglen;
- Os quatro pensamentos que transformam a mente;
- Rezar para o Guru, os três kayas do Lama, acumulação de mantras e preces;
- As duas asas da iluminação são: sabedoria e compaixão;
As instruções explícitas (grosseiras)
- Deixe seus olhos relaxados como se você estivesse olhando para o céu;
- Fitar o espaço a sua frente; Nada a se apegar ou se afastar.
- Podemos começar com a shamata impura com foco no objeto externo:
- Pedra, graveto, representação física do Buda, flor, imagem sagrada de Padmasambhava, Jesus Cristo.
- Não esqueça de praticar com os olhos abertos;
O que fazer quando surgir uma inquietação durante a prática de shamata?
- Não force a meditação;
- É bom ter um momento para o lazer;
- Bombardeamento sensorial compulsivo: achamos isso normal;
- Não estamos tentando criar algo! Deixe os pensamentos serem o que são.
- Experiência cíclica e dinâmica de se distrair em elaborações e ruminações;
- Samsara – representações da realidade, fragmentos da realidade.
- Colocar uma pausa no samsara, não se fixar, se reificar.
Imagem de Dean Moriarty por Pixabay
Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.
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