O treinamento da mente em shamata

treinamento em shamata
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Esse é um resumo de um estudo pessoal sobre o tema de shamata, com base no livro “Aquietando a mente”, de Dudjom Lingpa. Ele era considerado um “maestro” nos ensinamentos sobre a natureza da mente, um desmitificador sobre a visão de sabedoria abordada no Budadarma. Sua abordagem é afiada e muito esclarecedora!

“Quando a mente é quiescente – sem pensamentos turbulentos ou emoções surgindo – ela é relaxada, calma, luminosa e livre de esforço” 

~ Dudjom Lingpa

As etapas do treinamento

  1. Pré-meditação | Base de visão – Olhar as aparências e investigar a realidade;
  2. Meditação – Acumular e se familiarizar com a visão;
  3. Pós-meditação | Conduta ou ação no mundo – Remoção de obstáculos, estabilidade em meio às adversidades.

Apresentação da meditação em três aspectos

  1. Secreto – abordagem que utiliza o aspecto primordial como foco;
  2. Sutil (interno) – abordagem que utiliza o aspecto das inteligências de sabedoria e seus recursos com uma possibilidade de ação da mente: cinco sabedorias, as quatro incomensuráveis e seis perfeições;
  3. Grosseiro (externo) – Abordagem que visa os pontos fundamentais para direcionar a nossa atenção para dentro, para o caminho internalizador – posicionamento do corpo, etc.;

Na abordagem aqui sugerida, vamos tomar a mente como caminho. Como Dudjom Lingpa sugere: “Observe a superfície da mente”.

Pergunta-chave: Como é possível observar tal funcionamento em meio ao tumulto interno? Resposta: shamata!

Considerações sobre a prática por Dudjom Lingpa

  1. Não devemos ser dogmáticos sobre assumir que todos deveriam ter a mesma prática que você;
  2. Estamos encontrando uma maneira apropriada de acumulação de méritos e remoção de obstáculos. Por exemplo: a prática das “Quatro incomensuráveis” e seis perfeições;
  3. Não devemos ser mecânicos, rígidos quanto ao processo – a transformação não é um objetivo ou um evento;
  4. Duas práticas possuem um grande poder de purificação:
    1. Bodicita;
    2. Realização da vacuidade e Prajnaparamita;
  5. Práticas complementares
    1. Tomar refúgio nas três jóias;
    2. Metabavana, tonglen;
    3. Os quatro pensamentos que transformam a mente;
    4. Rezar para o Guru,  os três kayas do Lama, acumulação de mantras e preces;
  6. As duas asas da iluminação são: sabedoria e compaixão;

As instruções explícitas (grosseiras)

  • Deixe seus olhos relaxados como se você estivesse olhando para o céu;
  • Fitar o espaço a sua frente; Nada a se apegar ou se afastar.
  • Podemos começar com a shamata impura com foco no objeto externo:
    • Pedra, graveto, representação física do Buda, flor, imagem sagrada de Padmasambhava, Jesus Cristo.
  • Não esqueça de praticar com os olhos abertos;

O que fazer quando surgir uma inquietação durante a prática de shamata?

  • Não force a meditação;
  • É bom ter um momento para o lazer;
  • Bombardeamento sensorial compulsivo: achamos isso normal;
  • Não estamos tentando criar algo! Deixe os pensamentos serem o que são.
  • Experiência cíclica e dinâmica de se distrair em elaborações e ruminações;
  • Samsara – representações da realidade, fragmentos da realidade.
  • Colocar uma pausa no samsara, não se fixar, se reificar. 

Imagem de Dean Moriarty por Pixabay

Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

1 comentário em “O treinamento da mente em shamata

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