A incerteza em relação a quem somos vem da confusão em relação à sabedoria de como a realidade funciona diante dos nossos olhos. Ou seja, essa insegurança é fruto das aflições mentais.
É certo que para quem está se movendo pelos 12 elos, a pessoa tem uma total clareza e certeza inabalável na sua bolha de realidade. Ela sente falta de fazer coisas que ela deseja e evitar o tédio, acha que isso é o seu modo natural de ser.
A pessoa nem questiona como que ela constrói o seu mundo e por isso, falamos em “pontos críticos”, “de alerta” no samsara: ignorância (1° elo), desejo e apego (8° e 9° elos) e as crises, decepções, doença e morte (12° elo).
O mundo em colapso do desejo
No 8° elo, Trishna em sânscrito, o desejo surge em nossa mente como se fosse um filtro de realidade. Chegamos no desejo por Vedana, 7° elo, gostar ou não gostar. Ou seja, já temos 7 elos anteriores todos enraizados em avidya, e a questão é se temos ou não fixação a essa forma de operar a mente.
O 8º elo, desejo, é simbolizado por 2 seres comemorando, se embebedando, experimentando aquilo que eles gostam e evitando o que não gostam. As garrafas na imagem são as experiências que as pessoas gostam, são o fruto do desejo delas.
Nós teimamos em nos descrever a partir dessa base: 7°, 8° e 9° elos. Por experimentarem aquilo que eles tanto desejam, os seres não veem mais o mundo de forma ampla.
Nos bastidores da história do “eu e meu”, o desejo dará sentido para incerteza e do medo trazidos pelos 12 elos da roda da vida, dukha.
No 8° elo, o desejo será a base onde iremos potencializar outras novas experiências de realidade de modo condicionado a olhos, ouvidos, nariz, língua, tato e mente dualista.
Se formos questionados sobre o porquê das nossas ações de corpo, fala e mente, o nosso impulso será justificar: “porque eu gosto ou não gosto”. Usamos o 7° elo como defesa da bolha e da identidade.
O elo seguinte ao 8° elo, é apego, Upadana em sânscrito. Cristalizamos a nós e aos outros, como: “aqueles que detêm habilidades e estratégias para fazer as coisas funcionarem.” Nem desconfiamos que estamos reforçando as prisões de samsara desse modo.
Crucial a importância de olhar novamente para nossas experiências a partir do olhar de liberação das amarras de samsara, com Prajnaparamita. Caso contrário, entraremos em neuroses e confusão mental sem saber o como e o porquê aquilo está acontecendo.
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