Como agir com bodicita e lidar com o bem e o mal sem andar na contramão do samsara.

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Em vez de lutarmos contra os anjos e demônios internos, nós confiamos no discernimento e na lucidez diante do samsara. O contato com as situações, os lugares e as relações revela uma sabedoria viva e fluida com o movimento da vida como ela é. 

Por exemplo, na meditação, você pode achar que os pensamentos estão colocando sua prática por água abaixo. Mas a partir da mandala da Prajnaparamita, você senta com confiança. Há uma consciência atrás: ela vê o movimento. Esse movimento é o encadeamento da sabedoria da origem dependente. 

3 formas de encontrar a liberdade diante das prisões mentais 

Temos 3 maneiras de estudar e contemplar a sabedoria da origem dependente.

São elas:

1) Do 12° elo ao 1° elo 

É como alguém em busca de uma reabilitação pessoal, de uma terapia ou de uma espécie de psicologia. Esta é uma boa porta de entrada para dialogar com as pessoas, em geral. 

É natural buscarmos ferramentas para nos conhecermos mais e com qualidade de presença. Assim, ir além das limitações que descrevemos a partir das feridas e das cicatrizes mentais em aberto é o maior bem estar a ser desenvolvido. 

Todo amargor e ressentimento será visto desde o ponto da dor, do sofrimento. Esse é o 12° elo da roda da vida. Olhamos para o sofrimento e entendemos como chegamos ali, e então desejamos andar de outra forma. 

Desse modo, percorrer os 12 elos no sentido anti-horário é quase como uma terapia em terceira pessoa. A noção de “eu” é descrita a partir de “gostar” e “não gostar”, “aceitar” e “rejeitar”, e assim por diante. Você entende que não irá longe dessa forma. 

Aspiramos desenvolver compaixão verdadeira.

2) Do 1º elo ao 12° elo 

Aqui, nós apresentamos a natureza de Buda e a mandala das 5 sabedorias. Além disso, removemos os obstáculos e a dificuldade de nos conectarmos com a sabedoria de Prajna. 

3) Liberação pelo sorriso e a sabedoria de um coração sem limites

Reconhecemos a sabedoria da origem dependente como uma expressão natural da luminosidade da mente: a mandala da Prajnaparamita, o caminho do meio. 

Mesmo durante uma experiência comum como assistir um filme, colocar o lixo para fora, dirigir o carro, saborear um sorvete, ou até mesmo em meio a uma crise, nós somos a natureza livre da mente que brinca consigo em um jogo de efeitos especiais, de causas e condições. 

Sorrimos por vermos a magia dinâmica da sabedoria em ação!

Qual das 3 formas de olhar o samsara é a melhor de praticar?

A melhor forma é aquela em que a pessoa se sente confortável ao entender de acordo com o seu potencial e momento. É preciso paciência e tempo para ter os ensinamentos na palma da mão. 

Desse modo, entendemos que meditar é insuficiente. É preciso transformar o que surgir em caminho, em Darma. 

Lucidez em ação

A Prajnaparamita é o eixo, o nosso referencial para lidar com as circunstâncias sem uma contaminação cármica. 

Os semideuses geram empreendimentos que ajudam os humanos a manterem seus planejamentos. Temos nesse exemplo um grau de compaixão, mas no nível de resolver.

A Grande Compaixão é a verdadeira saída, pois sem ela estamos preocupados em consertar o samsara e, com ela, a cura vem pela lucidez diante da cegueira funcional de avidya


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Para um bodisatva o mundo muda por dentro.

Todas as seis classes de seres do samsara são como categorias de filmes da Netflix. São elas: orgulho, inveja, apego, preguiça, carência, ódio e medo. São referenciais instáveis, inseguros e sem uma solução aparente. 

Um bodisatva é uma pessoa que tem discernimento sobre avidya.

Ele cria uma aparência, tem motivação correta e gera uma conexão com os seres por pura compaixão. 

A experiência dessa compreensão é descrita no Sutra do Coração da Prajnaparamita. Por exemplo, olhamos os 12 elos e vemos: “Não tem ignorância, nem extinção da ignorância. Nem os elos subsequentes…” Não se tem um raciocínio prévio baseado em um resultado, mas um brilho no olho, uma energia autônoma e uma sabedoria que desata a confusão.

 “Tudo é vazio”. Como fica o bem e o mal?

Já que o bodisatva entende o funcionamento da mente dos seres, ele retorna ao ponto de ética e moralidade. 

Os 12 elos são a visão em alta resolução de como a mente humana funciona. 

A motivação correta tem uma ação natural e, ao praticá-la, o bodisatva se utiliza das 6 perfeições.

São elas:

  • Generosidade
  • Moralidade
  • Paciência
  • Concentração
  • Energia constante
  • Sabedoria.

O bem e o mal são a luminosidade da mente. A questão da ética, ou  moralidade, está descrita no caminho de 8 passos. Será preciso dialogar: termos um referencial positivo para se relacionar com os seres. É muito raro falarmos de vacuidade e isso ser visto como uma experiência viva e palpável. 

Sem um referencial seguro, temos indiferença, tristeza, angústia, medo, isolamento, baixa autoestima. Como o samsara está em colapso, parece que a única forma de andar é fazer o que se quer em busca da felicidade e evitar a infelicidade. 

O budismo tem uma contribuição para isso. A ação do bodisatva não é aleatória. 

Na mandala da Prajnaparamita, o sofrimento não é visto como sólido. Sem mais tempo a perder: é assim que iremos nos mover daqui pra frente. 

O que você descobrirá nesse episódio?

  • 3 formas de estudar e praticar a sabedoria da origem dependente
  • Os 12 elos da originação dependente e a liberação do samsara
  • A mandala do bodisatva 
  • Avidya como uma ação de liberdade da mente 
  • A sabedoria por trás da calça jeans 
  • Prajna: nos bastidores dos 12 elos
  • Como funciona a ética e a moralidade na ação do bodisatva 
  • Eixo: como não se perder no caminho?

Ouça agora: como agir com bodicita e lidar com o bem e o mal sem andar na contramão do samsara.



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Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

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