Os olhos abertos na meditação lhe incomodam? Ao iniciarmos no caminho internalizador, acalmamos o corpo. Um dos pontos comuns mais irritantes é a sensação de estarmos com areia nas pálpebras, pois estamos quietos, serenos, calmos e nosso olhar vagueia de um lado para o outro, os olhos piscam como se procurassem colírio e achamos que a meditação é para pessoas mais elevadas e tal.
Isso se dá pois usamos os olhos físicos para fazer coisas: ler, mensurar, focar, etc. Somos bombardeados por estímulos e nos distanciamos cada vez mais de nós mesmos. Então, quando sentamos, esse hábito segue junto, a princípio. O importante é localizarmos o lugar interno de onde o nosso olho brilha. Com shamata no foco dos elementos, percebemos de maneira mais direta que a inquietação dos olhos, é a inquietação da mente, uma mente queita é feliz e serena.
Olhos e coração abertos.
Uma sugestão é sentarmos em meditação e fazermos um rodízio com os olhos abertos, depois repousar com os olhos semi-serrados e por fim, deixá-los fechados. Seguimos nesse ciclo até nos tranquilizarmos. Esse impulso em tentar sustentar o olhar físico enfraquece com a regularidade. Basta treinar
Assim, evite achar que há algo de errado com sua prática. Com o tempo e regularidade, será natural descansar sua atenção de forma relaxa, aberta, ampla, confortável. Nesse momento, o importante é aprendermos a acalmar a mente e estar consciente disso. É como parar um pouco e olhar entre os espaços, entre um prédio e outro, olhe com cuidado, mas não há nada de especial nisso… Ao mesmo tempo, perceba a grandeza de esquecer de si mesmo e se sentir vasto, como o grande céu.
Viver o presente é saber onde nossos olhos descansam
Sobre os olhos abertos na meditação, o Lama B. Alan Wallace explica:
Nós não precisamos deixar os olhos abertos, mas todos os grandes Lamas tibetanos recomendam que façamos as práticas de olhos abertos.
Existe uma superstição nesse século de que todos os pensamentos e imagens estão em nossa cabeça. O que vamos ver se olharmos para dentro? É como tentar comer um pudim de tapioca. Da mesma forma que não há pudim de tapioca em si mesmo.
Deixar os olhos abertos não apoia a noção de que vamos olhar para o cérebro para tentar localizar a mente. A mente não está localizada em algo, como apontar para o centro de um campo de futebol.
Deixar os olhos abertos nos ajudará a ancorar a mente no momento presente. Se nós nos habituarmos a meditar com os olhos fechados, isso entrará em consenso com as instruções dos grandes mestres: “Deixe que sua vida se transforme no Darma”.
Bhavana significa cultivar. Se você não está cultivando algo em sua mente, você está apenas desperdiçando a sua mente. Então, a meditação é importante para todas as religiões ou não. Meditar é ser humano. Significa cultivar a mente – em tibetano, gom; Fazer um esforço para cultivar a mente. Ao repousar na consciência, sua mente se purificará por si mesma e tudo que restará é a mente de Buda.
É um caminho que envolve esforço e uma abordagem para desenvolver muitas coisas, mas essencialmente vamos revelar aquilo que já está presente. Nós estamos vulneráveis ao sofrimento pois nos identificamos com aquilo que não somos. O segundo aspecto é a falta de consciência (avidya) como tomar aquilo que não somos como sendo. Pelo menos, pare de compreender de modo equivocado.
Imagem de Andrea Don por Pixabay
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