Podcast | #11 – As quatro nobres verdades – Moralidade na perspectiva budista

moralidade
Tempo estimado de leitura: 3 minutos

A moralidade na perspectiva budista nos ajuda a abrir as situações a partir do quinto passo, do nobre caminho óctuplo. Então, nós temos essa nuance que é como andar no cotidiano mantendo a visão de compaixão, sabedoria e as ações transcendentes ao autocentramento em corpo, fala e mente?

De maneira sucinta, moralidade é essencialmente não achar que vamos obter alguma vantagem dentro do jogo das paisagens de demanda, os seis reinos da roda vida, samsara. É mais ou menos uma sensação de: “ah, não! Ficar fazendo joguinhos vai dar problema, isso é cansativo!”

As seis perfeições (paramitas)

Sugestão para aproveitar os estudos:

  1. Leia o trecho “Darma da vez” escutando a gravação do estudo em no podcast ;
  2. Enriqueça a sua compreensão: Procure exemplos em sua vida com pessoas próximas, nos noticiários, nas diversas conversas entre amigos, no trabalho, etc.
  3. Antes de seguir para o próximo estudo, anote os exemplos ou as eventuais dúvidas e se preferir, compartilhe com o grupo de apoio aquilo que achar apropriado, dentro do escopo do tema.

Darma da vez

Moralidade na perspectiva budista

Quando olhamos as várias situações no mundo onde se dão as falhas na moralidade, vemos que isso aqui não é budismo, isso aqui é a estrutura da consciência humana. Isso aqui não diz respeito a uma tradição. Então podemos falar sobre isso em qualquer tradição, seja católica, seja com os praticantes budistas que também quebram a moralidade, eles são ordenados, mas quebram a moralidade.

Por quê? Porque ressurge a paisagem anterior, eles falham na Segunda Nobre Verdade, e assim eles acabam abusando da própria pessoa que eles estavam protegendo. Então essa não é uma proteção verdadeira, porque existe uma estrutura onde eles têm uma identidade de protetores, porém não há sabedoria, não há uma motivação transcendente. Pelo contrário, dentro dessa estrutura eles seguem com uma identidade e assim surgem todas as confusões.

Então, não vem nem ao caso acusar, condenar, devemos apenas ver como tudo isso acontece. E como resolver? Refazemos os votos, superamos os obstáculos e pronto, aquilo cessa. Mas se os votos não forem refeitos, não adiante punir, porque a pessoa punida segue na mesma paisagem, portanto o impulso segue.

Não culpar e sem culpados

Essa é a razão pela qual, por exemplo, a condenação das pessoas que são julgadas, levadas ao tribunal, acusadas, e que confessando ou não, vão parar na cadeia, não vai adiantar, porque elas não vão mudar de paisagem. Eventualmente elas vão para outras paisagens e sabe lá quais serão. Então não é uma questão de repressão, porque moralidade e repressão não adiantam.

Mas aqui, a moralidade, Sila, não é assim, não é uma moralidade repressiva, ela é uma moralidade natural. Eu considero isso muito tranqüilizador, porque se dependêssemos da estrutura do mundo, através de um sistema repressivo, para lidarmos com os nossos demônios, aí a situação seria grave. E assim é fácil entendermos como que da não compreensão da Segunda Nobre Verdade, surge o diabo, o demônio, porque sabemos o que não devemos fazer, mas seguimos com o impulso.

E aí vamos chamar de demônio o centro ativador desses impulsos. Disso vão surgir os exorcistas e as mais variadas complicações, que não vão resolver o problema. E as pessoas vão ter as crises, as histerias demoníacas, porque aquilo é natural dentro de uma paisagem. E assim a pessoa vai tentar reprimir até o ponto em que ela explode. Pode haver uma explosão social, ou seja, várias pessoas explodirem juntas, porque elas estão com os mesmos elementos, na mesma paisagem com a mesma repressão.

Então vemos que esse item da moralidade é interessante, mas em nosso caso, damos um atalho, porque estamos falando de uma moral não repressiva. Desejamos trazer beneficio para o outro, e então a moralidade se torna natural. Nesse sentido, a moralidade pode ser recuperada, e eu acho que uma das grandes contribuições do budismo para a sociedade atual, é novamente podermos falar de moralidade, de uma forma não cínica.

Podcast

  A seguir, aperte o play e acompanhe o estudo em áudio:

Imagem de Giada Nardi por Pixabay

Autor
Coordenador
Praticante budista e instrutor de meditação. Desde 2011 dedica seu tempo à descoberta do coração desperto (bodicita), a partir dos ensinamentos de Buda e nas instruções práticas de Lama Padma Samten. Casado, pai de 2 filhos, é coordenador da Roda do Darma e tutor no CEBB.

7 comentários em “Podcast | #11 – As quatro nobres verdades – Moralidade na perspectiva budista

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